Expansão de veículos elétricos em larga escala no Brasil requer o apoio de políticas públicas e incentivos do governo
Getting your Trinity Audio player ready...
|
O Brasil, como muitos países, enfrenta o desafio de promover a mobilidade sustentável e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Uma das estratégias para alcançar esses objetivos é a adoção de veículos elétricos (EVs). Embora os EVs não sejam verdadeiramente carbono zero, eles são considerados uma alternativa menos poluente e mais limpa do que os veículos que usam combustíveis fósseis, seja quando considerada a emissão no escapamento ou ao longo de seu ciclo de vida. No entanto, a expansão de veículos elétricos em larga escala no Brasil requer o apoio de políticas públicas e incentivos do governo que tornem seus preços mais acessíveis. Algumas já foram adotadas.
Uma política de 2023, por exemplo, prevê a concessão de créditos tributários às montadoras e oferece incentivos para veículos de até R$ 120 mil. Embora um dos aspectos dessa política contemple uma redução entre 1,5% e 10,9% no preço final dos automóveis, ela recebeu críticas de economistas que questionaram sobre a eficácia de subsídios para estimular a demanda, diz o IPEA.
Além disso, há propostas de incentivos fiscais progressivos para fabricantes que atendam a critérios sociais, ambientais e de densidade industrial, o que inclui “maiores deduções para carros menos poluentes […] e descontos para peças e acessórios produzidos no Brasil”, segundo o IPEA.
Apesar de tais medidas representarem um passo na direção certa, ainda há desafios a serem superados, como aumentar a proliferação de infraestrutura para a recarga da bateria e a necessidade de políticas adicionais que estimulem a produção nacional.
Em outras palavras, políticas públicas e incentivos governamentais são essenciais para tornar os veículos elétricos uma opção viável para o consumidor brasileiro. Com o apoio certo, o Brasil pode avançar significativamente em direção a uma mobilidade mais sustentável e um futuro mais verde.
A colaboração entre o governo, a indústria e os consumidores será crucial para superar os obstáculos e aproveitar as oportunidades que os veículos elétricos oferecem para o país e para o meio ambiente.
Todavia, mesmo com o preço de um veículo elétrico mais sofisticado ainda proibitivo para a maioria dos consumidores brasileiros (o Hyundai Kona custa R$189 mil), o crescimento da produção de EVs no país tem mostrado uma trajetória impressionante nos últimos anos, refletindo o aumento da consciência ambiental do consumidor e a evolução de incentivos à mobilidade sustentável.
Em 2023, o mercado brasileiro experimentou um ótimo aumento nas vendas de EVs (de 91%) em comparação com as do ano anterior, alcançando quase 94 mil unidades. Tal salto foi impulsionado, em parte, pela antecipação das vendas por conta do aumento no imposto de importação para veículos elétricos vindos de fora, que começou a subir em janeiro de 2023, de acordo com a Deutsche Welle.
Olhando para 2024, os números são ainda mais promissores. No primeiro semestre do ano, as vendas de carros elétricos no Brasil cresceram 146% em comparação com o mesmo período de 2023. E no acumulado, de janeiro a setembro, foram emplacados 122,5 mil veículos leves, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). A entidade prevê que até o final de 2024 o número de EVs vendidos no Brasil chegue a 150 mil unidades. Só em setembro foram 13,2 mil.
Esse crescimento de EVs no Brasil é atribuído a uma combinação de fatores, incluindo uma maior oferta de modelos a preços um pouco mais baixos, avanços tecnológicos e também a uma infraestrutura de recarga elétrica pública que está em expansão – acima de 10 mil eletropostos, em agosto.
Alguns especialistas sugerem que a tendência de crescimento de EVs no Brasil é clara – o que pode representar uma virada significativa no mercado interno. Com a expectativa de entrada de novas marcas no país e o lançamento de modelos mais eficientes e a preços mais acessíveis, o interesse dos consumidores deve aumentar pelo veículo elétrico. Além disso, iniciativas como o programa nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), também deve estimular a produção e a adoção de tecnologias sustentáveis no setor automotivo.
Em retrospecto, o panorama atual dos veículos elétricos reflete um movimento global em direção a uma mobilidade mais limpa e eficiente, e posiciona o Brasil como um mercado emergente importante para o setor. À medida que a infraestrutura de suporte continuar a se desenvolver e os preços dos veículos se tornarem mais competitivos, espera-se que a produção e venda de EVs no Brasil continue a crescer e que os elétricos possam contribuir para um futuro com menos poluição do ar.
Sobre o autor | Fernando Oliveira
Fernando é o fundador e editor da Sustenare News. Ele é administrador de empresas, cientista da computação e doutor em energia pela Universidade de São Paulo (USP). Fernando morou nos Estados Unidos por dez anos, país onde cursou universidade e trabalhou por igual período para empresas de tecnologia e do ramo editorial.