Erva daninha mortal pode nos ajudar a parecer mais jovens
Se você estiver em uma caminhada, é melhor passar bem longe de uma erva daninha [cientificamente chamada de Xanthium strumarium, da família Asteraceae, que no Brasil é conhecida como “carrapicho”, “carrapicho-de-carneiro” ou “carrapichão”]. Embora essa planta verde, curiosa e com espinhos pontiagudos não aparente ser mortal, ela é venenosa e pode matar animais e seres humanos, se ingerida. No entanto, de acordo com uma nova pesquisa, ela apresenta um potencial antienvelhecimento e, assim, essa erva daninha mortal pode nos ajudar a parecer mais jovens.
Em 2007, 76 pessoas adoeceram no nordeste de Bangladesh depois de consumir as mudas dessa planta, e um quarto delas morreu. A toxina carboxiatractilosídeo presente nas mudas e carrapichos (também chamadas de frutas e sementes), pode causar náuseas, palpitações, sonolência, alucinações e disfunção de múltiplos órgãos que podem resultar na morte [de uma pessoa]. Também pode causar insuficiência hepática aguda em suínos, bovinos, ovinos, aves, cavalos e outros ruminantes.
Apesar disso, essa planta mortal tem despertado um interesse crescente na comunidade científica por conta da variedade de potenciais benefícios que ela apresenta à nossa saúde. Já tendo sido estudada no combate ao câncer e no tratamento da artrite, as pesquisas com essa planta também revelaram que ela tem compostos com grande potencial antienvelhecimento e na cicatrização de feridas.
Novas pesquisas com o fruto da Xanthium strumarium revelam que ele tem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias que podem ser usadas por humanos como um protetor de pele eficaz.
Uma pesquisa da Universidade de Myongji, na Coreia do Sul, por meio de ensaios clínicos em tecidos e células, detalhou como os compostos extraídos e isolados dos carrapichos reduziram os danos causados pela exposição aos raios UVB, aceleraram a cicatrização de feridas e estimularam a produção de colágeno.
“Descobrimos que o fruto da Xanthium strumarium tem o potencial para proteger a pele e ajudar a aumentar a produção de colágeno”, disse Eunsu Song, doutorando da Universidade de Myongji. “Nesse sentido, o fruto pode ser um ingrediente atrativo para cremes ou outras formas de cosméticos. E provavelmente mostrará um efeito sinérgico contra o envelhecimento se for misturado com outros compostos eficazes, como o ácido hialurônico ou o ácido retinoico”.
A planta tem sido usada há milhares de anos na medicina chinesa tradicional a base de ervas, tratando desde dores de cabeça a infecções fúngicas. Desde então, os cientistas identificaram cerca de 170 compostos para uso em pesquisas médicas.
A proliferação da Xanthium strumarium, sua robustez e taxa de crescimento podem se tornar uma fonte econômica e sustentável para o desenvolvimento de produtos cosméticos e farmacêuticos para a pele. Contudo, os pesquisadores alertam que seus resultados são preliminares e que mais estudos são necessários para avaliar a segurança.
“A toxina carboxiatractilosídeo presente nos carrapichos da Xanthium strumarium também pode danificar o fígado”, disse Song. “Essa planta mostrou potencial como agente cosmético ao aumentar a síntese de colágeno, mas também mostrou resultados negativos em concentrações mais elevadas. Portanto, encontrar a concentração adequada parece muito importante porque isso representa a chave para a comercialização de extratos da Xanthium strumarium em cosméticos.”
A pesquisa foi apresentada na reunião anual da ASBMB #DiscoverASBMB em Seattle, nos EUA.
Fonte: American Society for Biochemistry and Molecular Biology
Artigo original (em inglês) publicado por Bronwyn Thompson, na New Atlas.
Sobre a autora
Bronwyn Thompson tem diplomas de jornalismo e zoologia e possui mais de 20 anos como escritora e editora. Ela tem interesse particular em neurociência, genética, comportamento animal e biologia evolutiva. Em fevereiro de 2023, Bronwyn encontrou um lar feliz na New Atlas.