Três dicas para atrair investidores para sua startup verde
Empreendedores de startups verdes ficam especialmente empolgados quando chegam ao ponto em que podem crescer. Isso demonstra que a ideia inicial foi bem recebida, a equipe está trabalhando em conjunto de forma dinâmica e a empresa está recebendo opinião positiva da mídia e da comunidade empresarial. Esses sinais confirmam que você pode começar a buscar capital ou outro financiamento e transformar sua startup em uma empresa com crescimento exponencial.
A busca por capital de risco, no entanto, não é tarefa fácil no clima econômico de hoje. Este ano, os mercados experimentaram uma desaceleração de 20%. Infelizmente, o atual inverno de investimentos está atingindo as startups que também promovem práticas verdes e ecológicas.
Com a maioria dos negócios indo para empresas com altas pegadas de carbono, é hora das startups verdes pensarem de forma mais estratégica ao construir seus relacionamentos com investidores. Passei meses procurando o melhor parceiro de investimento para minha startup de tecnologia de alimentos – e não foi fácil. Então, para ajudar outras pessoas a fortalecer sua jornada de financiamento, reuni três dicas que podem ajudar empreendedores verdes a atrair capital de risco.
1. Entenda a diferença entre os investidores do clima e os que se baseiam em valor
A maioria das startups verdes pensará em investidores do clima quando quiserem escalar seus negócios. Esses investidores buscam gerar tanto um retorno financeiro quanto um impacto ambiental positivo e mensurável por meio de seus investimentos. Seus fundos têm apoiado startups de forma muito proeminente, como a Global Thermostat, para promoverem a mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
Se você olhar para as letras miúdas, notará rapidamente que nem sempre pode ser inteligente colocar todos os seus ovos nas cestas desses investidores especializados.
Durante minha jornada, experimentei pouco interesse dos investidores do clima e mais entusiasmo dos investidores convencionais. Por quê? Porque os primeiros têm métricas pré-definidas e teses de investimento rígidas que não se adequam a todas as empresas e indústrias.
A maioria dos investidores do clima mede meticulosamente as emissões e reduções de carbono, poluição e impacto geral no clima, buscando soluções de energia e recursos renováveis em primeiro lugar. Consequentemente, muitas startups com uma grande visão verde, mas com menos foco no clima, podem parecer marginais para eles. Os investidores do clima também podem ter pouco interesse em indústrias de consumo, como alimentos, comércio ou logística.
Se seu interesse for se conectar com investidores convencionais, lembre-se de que o principal critério deles é a lucratividade. O impacto climático de sua startup é importante e crucial para a tomada de decisões de investimento, mas sem mostrar métricas de negócios convincentes – incluindo estratégia de entrada no mercado, previsibilidade de receita e previsões de marketing – você não atrairá a atenção do investidor convencional.
2. Junte evidências consistentes de que sua startup pode gerar escala
Os investidores não estão interessados em manter um negócio à tona. O objetivo deles é aumentar o capital investindo no ramo em que atuam. Portanto, antes de recorrer aos investidores, procure evidenciar que você pode sobreviver sem investimentos. Se for esse o caso, você está no ponto em que pode gerar escala. Apresente-se aos investidores com um plano de negócios concreto sobre como alcançar esse crescimento em pouco tempo – e eles te receberão de braços abertos.
Antes de conhecer os investidores, você precisa reunir todo o material, estatísticas atuais do mercado, perspectivas e previsões de mercado em potencial. Quanto mais discernimento você tiver sobre seus impulsionadores de crescimento (por exemplo, qual área você precisa dimensionar para alcançar os resultados desejados), melhor.
Digamos que seu objetivo seja expandir geograficamente o portfólio de produtos e entrar no mercado consumidor de um país vizinho. Nesse caso, será preciso definir claramente quantos especialistas locais você vai contratar, se sua tecnologia está apta para um aumento exponencial de vendas ou se ela requer nova engenharia, além de conhecer os custos de entrada no mercado e a distribuição de vendas no exterior.
Também é aconselhável que você não apenas aprenda sobre as métricas do seu próprio negócio, mas estude e entenda o que os investidores procuram ao tomar uma decisão de investimento. Antes de conhecer seus investidores, converse com as empresas do portfólio deles e pergunte sobre suas personalidades, visões e como eles têm gerenciado fundos no passado. Isso permitirá que você tenha empatia com seus objetivos e apresente os argumentos e números certos ao lançar sua startup.
Por fim, independentemente de um investidor ter uma diretiva de impacto, ele investirá se houver uma perspectiva de lucro. Lembre-se, se seus números não gerarem escala, além de você não encontrar investidores, também não terá o impacto que imaginou.
3. Explore a arte do networking valioso em um mundo híbrido
O networking sempre foi fundamental para se conectar com investidores, mas por conta da pandemia, construir conexões pessoais não tem sido tão fácil. Por mais que a internet nos permita coletar uma gama maior de contatos, essas conexões virtuais costumam ser muito mais fracas quando comparadas às pessoais.
Dessa forma, você vai precisar ter uma estratégia. Comece construindo uma comunidade ativa do LinkedIn. Isso ajuda a expandir sua rede, receber conselhos sobre oportunidades de financiamento de outros empreendedores e fortalecer suas mensagens sobre seu propósito e negócios.
Além disso, como o LinkedIn é uma rede comunitária, é recomendável que você contribua com conversas, compartilhe e discuta opiniões, e também inicie uma conversa sobre temas importantes (tanto de empreendedorismo como de temas “verdes”). Muitos grupos do LinkedIn se concentram em startups verdes, inovação e sustentabilidade, e sua presença nesses espaços abrirá novas portas para oportunidades de financiamento.
A construção de contatos empresariais permite que você aprenda com os negócios e caminhos de financiamento deles e os acompanhe de perto com a ajuda deles. Por exemplo, quando recebemos nosso financiamento inicial, havíamos feito networking com todos os nossos investidores por meio de empresas com as quais eles já haviam entrado em contato e já entendemos o que os investidores estavam procurando antes da nossa primeira sessão de conversa comercial.
Para isso, seja franco e pergunte aos seus contatos: “Quem é a próxima pessoa que você pode me apresentar?” ou “Quem estaria interessado em ouvir minha história?” As pessoas adoram construir uma rede. Elas só precisam de um empurrãozinho na direção certa.
Agora, mesmo que você conheça 1.000 pessoas, a chave para conquistá-las como embaixadoras é a qualidade do seu relacionamento. Quase 100% dos profissionais acreditam que as reuniões presenciais constroem relacionamentos de longo prazo mais fortes. Então, você precisa tentar construir uma conexão pessoal semelhante ao cara a cara em um mundo híbrido.
Como? Já vi muitas pessoas construírem relacionamentos puramente transacionais. Ainda assim, na minha experiência, os aspectos emocionais do networking agregam valor com conselhos, interações, troca de informações, apoio ao que estão fazendo e engajamento em vários níveis (profissional e pessoal) e, portanto, são essenciais para construir relacionamentos duradouros.
Mostre que lucro e propósito andam de mãos dadas
A caça ao capital, sem dúvida, tornou-se mais complexa. Isso não significa desistir, mas sim multiplicar seus esforços. Será muito mais fácil para as startups verdes ter uma visão mais ampla do cenário de investidores. Na medida em que os investidores mais tradicionais buscam causar impacto e ampliar seus lucros, as startups verdes podem aproveitar essa oportunidade. É preciso enfatizar o seguinte: se você quer ter um grande impacto no mundo, a chave é escalar seus negócios. E é aí que você deve criar sinergias com investidores tradicionais sobre a rentabilidade do propósito.
Artigo original (em inglês) publicado por Priyanka Srinivas na GreenBiz.
Sobre a autora
Priyanka Srinivas é a fundadora e CEO da The Live Green Company | @prihyd.