Entrevista exclusiva sobre clima e IA com o assustador ChatGPT

Se nós vamos coexistir com nossos senhores da tecnologia, devemos conhecê-los um pouco melhor. O caso em questão é o ChatGPT, mecanismo de inteligência artificial (IA) – esperto e assustador – capaz de responder a uma ampla gama de perguntas de tirar o fôlego e que parece ser o objeto brilhante do mundo da tecnologia em 2023.

Caso você ainda não tenha sintonizado, o ChatGPT é um mecanismo de aprendizado de linguagem natural que pode imitar a conversa humana, lembrar de coisas que você disse no passado (melhor do que muitos humanos que conheço) e se corrigir quando estiver errado (idem). Ele responde a perguntas de maneira bem humana, extraindo as respostas de inúmeras fontes em todo o universo digital, bem como de livros, periódicos acadêmicos e sabe-se lá de onde mais.

O ChatGPT foi lançado em 30 de novembro de 2022 e desde então tem se tornado uma fonte de fascínio, bem como uma maneira de matar o tempo se divertindo por uma ou duas horas.

Essa ferramenta tem gerado mais do que uma pequena preocupação sobre o papel da IA em nossas vidas, em áreas tão díspares quanto a educação (o ChatGPT pode essencialmente escrever redações de qualidade com base em uma única consulta), segurança cibernética (ele pode facilmente escrever e-mails de phishing e códigos maliciosos) e saúde (ele poderia eventualmente substituir os profissionais de saúde mental sem levar em conta sua qualificação ou eficácia).

E toda essa tecnologia está apenas começando. Como os programas de IA, tipo o ChatGPT, podem aprender com o tempo, eles estão literalmente na infância. Pense na internet por volta de 1996. Portanto, o ChatGPT e seus descendentes vieram para ficar. E, parafraseando Stewart Brand [autor americano, empreendedor e fundador da Whole Earth Catalog], podemos muito bem ficar bons nisso.

Imbuído desse espírito, eu me sentei com o ChatGPT (bem, pelo menos um de nós estava sentado) para discutir tecnologia climática e sustentabilidade corporativa. Eu queria ver o quanto ele sabia e quão bem poderia contextualizar a ampla e complexa gama de tecnologias sob o guarda-chuva da tecnologia climática – tudo, desde energia limpa a tratamento de água, bicicletas elétricas e captura de carbono – e o que ele entendia sobre sustentabilidade corporativa, em geral.

Seria possível a inteligência artificial conduzir uma conversa sobre as tecnologias amplas e complexas sob o guarda-chuva da tecnologia climática? Vamos deixar que o ChatGPT fale por si mesmo.

A duração da entrevista foi editada, principalmente porque o ChatGPT pode ser bastante loquaz. (Quando o corte foi necessário, o fizemos em parágrafos inteiros; assim, o que publicamos da conversa a seguir é 100% literal.) E, como você verá, o ChatGPT parece realmente gostar de listar tópicos em grupos de cinco.

Joel Makower: Vamos começar com o básico: a IA é uma tecnologia climática?

ChatGPT: A Inteligência Artificial pode ser considerada como uma tecnologia climática em alguns casos, mas não é inerentemente uma tecnologia climática. A IA pode ser usada para apoiar e aprimorar várias tecnologias e soluções climáticas, como energia renovável, captura de carbono e modelagem climática. No entanto, a IA também pode contribuir para o problema da mudança climática se for usada para alimentar atividades intensivas em recursos ou para apoiar práticas não sustentáveis.

JM: Ótimo! Então, como a IA pode ajudar os profissionais de sustentabilidade corporativa a serem mais eficazes?

ChatGPT: A IA pode ajudar os profissionais de sustentabilidade corporativa de várias maneiras:

1. Análise de dados: a IA pode ajudar a processar e analisar grandes quantidades de dados, incluindo consumo de energia e dados de emissões, para identificar áreas de melhoria e acompanhar o progresso em direção às metas de sustentabilidade.

2. Gestão da cadeia de suprimentos: a IA pode ser usada para monitorar o desempenho de sustentabilidade dos fornecedores e identificar oportunidades de melhoria.

3. Manutenção preditiva: a IA pode ser usada para prever quando o equipamento vai falhar, reduzindo o tempo de inatividade não planejado, consumo de energia e emissões.

4. Gerenciamento de energia: a IA pode ser usada para otimizar o uso de energia em edifícios e processos industriais, reduzindo o consumo de energia e as emissões associadas.

5. Cálculo da pegada de carbono: a IA pode ajudar a automatizar o cálculo da pegada de carbono de uma organização, facilitando o acompanhamento do progresso na redução das emissões.

JM: Que tal a economia circular? A IA tem um papel na aceleração da circularidade?

ChatGPT: A IA tem o potencial de acelerar a transição para uma economia circular da seguinte forma:

1. Otimizando o gerenciamento de resíduos: a IA pode ajudar a otimizar os processos de coleta, classificação e reciclagem de resíduos para reduzir o desperdício e aumentar a eficiência dos recursos.

2. Manutenção preditiva: a IA pode ajudar a prolongar a vida útil dos produtos e reduzir a necessidade de substituição, reduzindo assim a produção de resíduos e apoiando uma economia circular.

3. Otimização da cadeia de suprimentos: a IA pode ajudar as empresas a otimizar suas cadeias de suprimentos para reduzir o desperdício, melhorar a eficiência dos recursos e reduzir a pegada de carbono.

4. Design de produto: a IA pode ajudar no design de produtos mais sustentáveis que podem ser reutilizados, reparados, reformados ou reciclados com mais facilidade.

5. Análise preditiva: a IA pode ajudar as empresas a antecipar a demanda, reduzir a superprodução e minimizar o desperdício, levando a uma economia circular mais eficiente.

JM: Muita atenção tem sido dada ao ESG e ao financiamento sustentável. O que a IA pode fazer para ajudar essas áreas?

ChatGPT: A IA pode desempenhar um papel significativo em finanças ambientais, sociais e de governança (ESG) e sustentáveis na:

1. Análise de dados ESG: a IA pode ajudar a analisar grandes quantidades de dados ESG para apoiar decisões de investimento e identificar oportunidades de investimento sustentáveis.

2. Gestão de riscos: a IA pode ajudar os investidores a identificar e gerenciar riscos ESG, como exposição a emissões de carbono, escassez de água e violações de direitos humanos.

3. Investimento de impacto: a IA pode ajudar os investidores a identificar e avaliar oportunidades de investimento que proporcionem retorno financeiro e impacto ambiental e social positivo.

4. Conformidade: a IA pode ajudar as instituições financeiras a garantir a conformidade com os regulamentos e diretrizes financeiras sustentáveis, como o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas.

5. Transparência: a IA pode ajudar a aumentar a transparência no processo de investimento, fornecendo aos investidores uma visão mais completa do desempenho ESG de empresas e projetos.

Embora algum exagero em torno da IA como solução para a crise climática seja compreensível devido ao seu potencial, também é importante ser realista sobre suas limitações.

JM: O que os profissionais devem observar ao usar a IA como ferramenta de sustentabilidade?

ChatGPT: Os profissionais devem estar atentos ao seguinte:

1. Viés: os algoritmos de IA podem perpetuar os vieses existentes e levar a resultados injustos, especialmente se os dados de treinamento forem tendenciosos. É importante garantir que os modelos de IA usados sejam transparentes, interpretáveis e livres de viés.

2. Consumo de recursos: os algoritmos de IA podem consumir muitos recursos, exigindo grandes quantidades de energia e capacidade computacional. É importante considerar o impacto ambiental da IA e usar recursos de computação sustentáveis sempre que possível.

3. Falta de interpretação coerente: alguns modelos de IA podem ser complexos e difíceis de interpretar, dificultando a compreensão da base de suas decisões e resultados. Isso pode limitar sua utilidade como ferramentas de sustentabilidade.

4. Qualidade dos dados: A qualidade e a precisão dos dados usados para treinar modelos de IA são essenciais. Dados de baixa qualidade podem levar a resultados imprecisos e decisões incorretas.

5. Considerações éticas: a IA pode ter implicações éticas significativas, principalmente em áreas como privacidade e tomada de decisões. É importante considerar as implicações éticas do uso da IA como ferramenta de sustentabilidade e garantir que ela seja usada de maneira responsável e transparente.

JM: A IA está sendo exagerada como solução para a crise climática?

ChatGPT: Embora algum exagero em torno da IA como solução para a crise climática seja compreensível devido ao seu potencial, também é importante ser realista sobre suas limitações e evitar exagerar em seu potencial. A IA não é uma solução única que pode resolver a crise climática sozinha, e seu impacto dependerá de como ela é integrada a outras soluções e tecnologias, bem como de desenvolvimentos políticos, regulatórios e de mercado mais amplos.

JM: O que você recomenda aos profissionais de sustentabilidade para se sentirem mais à vontade com a IA?

ChatGPT: Eu recomendaria os seguintes passos:

1. Aprenda o básico: comece obtendo um bom entendimento sobre IA, suas possíveis aplicações e suas limitações. Participe de oficinas, webinários ou faça cursos online para aprender sobre os fundamentos da IA.

2. Rede de contatos com especialistas: conecte-se com especialistas na área de IA e sustentabilidade e aprenda com suas experiências e percepções. Participe de eventos do setor e participe de comunidades on-line para expandir sua rede.

3. Explorar estudos de caso: analise estudos de casos reais de empresas que implantaram com sucesso a IA para fins de sustentabilidade. Isso lhe dará uma melhor compreensão dos possíveis benefícios e desafios da implantação da IA.

4. Obtenha experiência prática: tente trabalhar com ferramentas e sistemas de IA para obter experiência prática. Isso pode ser feito por meio de estágios, projetos ou atividades paralelas.

5. Colabore com outras pessoas: colabore com especialistas em IA e sustentabilidade para, em conjunto, criar soluções que possam ajudar as empresas a atingir suas metas de sustentabilidade.

Em resumo, tornar-se mais confortável com a IA requer uma combinação de aprendizado, experiência prática e colaboração com outras pessoas.

JM: A ascensão da tecnologia climática terá alguma consequência não intencional no meio ambiente ou na sociedade?

ChatGPT: Embora a tecnologia climática tenha o potencial de provocar mudanças positivas, é importante considerar cuidadosamente e mitigar quaisquer possíveis impactos negativos.

Por exemplo, a produção e uso de algumas tecnologias de energia limpa, como painéis solares e turbinas eólicas, podem resultar na extração e uso de materiais que podem ter impactos negativos no meio ambiente, como o esgotamento de metais raros e o aumento da demanda energética.

Da mesma forma, o deslocamento de fontes tradicionais de energia, como carvão e petróleo, pode causar impactos econômicos e sociais, principalmente em comunidades que dependem dessas indústrias para obter empregos e estabilidade econômica.

Para minimizar as possíveis consequências não intencionais do surgimento da tecnologia climática, é importante adotar uma abordagem responsável e integrada que leve em consideração todo o ciclo de vida da tecnologia e seus possíveis impactos no meio ambiente, na sociedade e na economia. Isso inclui considerar o impacto ambiental da fabricação, implantação e descarte, bem como os impactos sociais e econômicos nas comunidades afetadas.

JM: Estamos em um momento econômico desafiador. A tecnologia climática é à prova de recessão?

ChatGPT: A tecnologia climática é uma indústria relativamente nova e em crescimento e, como qualquer outra, está sujeita a flutuações na economia e na demanda do mercado. Embora alguns aspectos do setor, como energia renovável e eficiência energética, possam ser relativamente resistentes a desacelerações econômicas, a tecnologia climática não é totalmente à prova de recessão.

Por exemplo, durante a recessão econômica global de 2008, o setor de energia renovável experimentou uma desaceleração no investimento e no crescimento. No entanto, recuperou-se relativamente rápido e continuou a crescer nos últimos anos, na medida em que governos e empresas priorizam investimentos em energia limpa para enfrentar a crise climática global.

Por último, a resiliência da indústria de tecnologia climática às recessões econômicas dependerá de vários fatores, incluindo políticas governamentais, demanda do consumidor e avanços tecnológicos.

JM: Algum conselho final para profissionais de sustentabilidade corporativa sobre o uso eficaz da IA?

ChatGPT: Aqui estão alguns conselhos finais:

1. Comece pequeno: a IA pode ser complexa e desafiadora, então geralmente é melhor começar com um pequeno projeto piloto para ganhar experiência e construir conhecimento interno.

2. Colabore com especialistas: a IA pode ser difícil de implantar e entender, por isso é importante trabalhar com especialistas com experiência na área.

3. Considere os dados: a IA é tão boa nos dados para os quais foi treinada, por isso é importante garantir que os dados usados sejam de alta qualidade e relevantes para os desafios de sustentabilidade que estão sendo abordados.

4. Priorize a transparência: os algoritmos de IA podem ser complexos e difíceis de entender, por isso é importante garantir que sejam transparentes e que seus processos de tomada de decisão possam ser facilmente explicados.

5. Alinhar-se com as metas de sustentabilidade: a IA deve ser usada como uma ferramenta para apoiar e aprimorar os esforços de sustentabilidade, e não como um fim em si mesma. Certifique-se de que os projetos de IA realizados estejam alinhados com as metas de sustentabilidade mais amplas da organização.

JM: Antes de eu te liberar, você já se cansou de pessoas te fazendo perguntas?

ChatGPT: Como modelo de linguagem de inteligência artificial, não tenho sentimentos ou emoções, então não sinto fadiga ou qualquer outro estado físico ou mental. Fui projetado para responder a uma ampla gama de perguntas e fornecer respostas úteis e informativas. Estou aqui para servir e ajudar, portanto, sinta-se à vontade para me fazer quaisquer perguntas que você precisar.

Artigo original (em inglês) publicado por Joel Makower na GreenBiz.