Resíduos de cana-de-açúcar são convertidos em concreto

Imagem de um material amarronzado entrelaçado como numa hashtag para ilustrar o post cujo título diz que os resíduos de cana-de-açúcar são convertidos em concreto.
Laje modular reutilizável feita de Sugarcrete, projetada em parceria com a firma britânica de arquitetura Grimshaw Architects

Depois da colheita e processamento da cana-de-açúcar, sobra uma grande quantidade de resíduos fibrosos conhecidos como bagaço. Esta substância foi incorporada a um material ecológico de construção chamado Sugarcrete, que recentemente ganhou um prêmio internacional – o Climate Positive.

Anunciado pela primeira vez em maio passado, o Sugarcrete foi desenvolvido por meio de uma parceria entre a Universidade de East London e a empresa britânica Tate & Lyle Sugars.

O material consiste em bagaço de cana combinado com ligantes de base mineral proprietários. Essa mistura é comprimida e deixada para curar, resultando em blocos de alta resistência que podem ser usados no lugar dos tradicionais tijolos de argila ou concreto.

O Sugarcrete supostamente atende ou excede os padrões da indústria para resistência ao fogo, resistência à compressão, condutividade térmica e durabilidade. Créditos: University of East London/New Atlas.

Mas por que alguém iria querer fazer essa substituição?

Bem, para começar, a universidade afirma que o Sugarcrete cura totalmente muito mais rápido do que o concreto (uma semana em vez de quatro), pesa de um quarto a um quinto por bloco do mesmo tamanho e é significativamente mais barato de produzir.

Esta última [característica] é particularmente importante em regiões onde a cana-de-açúcar é cultivada. Em vez de ficarem com um resíduo que muitas vezes é apenas despejado em aterros sanitários, os agricultores poderiam vender seu bagaço para empresas locais que o usariam no Sugarcrete. Esse material, por sua vez, poderia ser utilizado localmente em projetos de construção que poderiam não ser acessíveis se o concreto importado fosse a única opção.

Além disso, a pegada de carbono do Sugarcrete representa apenas 15% a 20% da pegada do concreto. De acordo com algumas estimativas, a geração do calor usado para produzir o cimento Portland tradicional (que é usado no concreto) é responsável por 5% a 8% de todas as emissões de dióxido de carbono (CO2) produzidas pelo homem.

O Sugarcrete já foi demonstrado em protótipos de lajes modulares, nas quais as cargas são distribuídas ao longo de toda a estrutura por meio de conexões entre blocos intertravados. Embora algumas armaduras de aço sejam utilizadas, as lajes de Sugarcrete utilizam até 90% menos aço do que as lajes de concreto [tradicional], que têm maior probabilidade de trincar sob pressão.

Pesquisas futuras examinarão mais de perto a durabilidade, as propriedades acústicas e as características estruturais do material. Créditos: University of East London/New Atlas.

No final do ano passado, na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, o grupo ambientalista Green Cross UK selecionou o Sugarcrete para ser o vencedor da seção de economia circular de sua premiação Climate Positive. A premiação reconhece iniciativas que abordam as alterações climáticas, com a seção de economia circular a ser especificamente destinada a projetos que reduzam o desperdício através da reutilização de materiais existentes.

A equipe do Sugarcrete agora busca parceiros agrícolas nos países do Sul Global como o próximo passo para a comercialização da tecnologia.

Fonte: University of East London.

Artigo original (em inglês) publicado por Ben Coxworth na New Atlas.

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