Programa visa tornar energia solar acessível para os mais carentes
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Assim como tantas commodities nos Estados Unidos, a energia limpa não é distribuída uniformemente nem de forma igualitária. As comunidades desfavorecidas têm muito menos painéis solares espalhados por seus telhados do que há em áreas com renda mais alta. O governo federal [americano] acaba de dar um grande passo para atravessar esse abismo.
Na segunda-feira [22/4], o presidente Joe Biden anunciou as 60 organizações que –sob o programa do governo Solar para Todos – receberão um total de US$ 7 bilhões em doações para levar energia solar residencial a bairros de baixa renda.
O financiamento fluirá para os governos estaduais, municipais, tribais e organizações sem fins lucrativos para que possam apoiar programas existentes voltados para instalações solares e de armazenamento de baterias em locais de baixa renda e estimular novas instalações. Espera-se que esses esforços tornem a energia limpa acessível a 900.000 famílias.
Embora os benefícios climáticos e ambientais desse esforço sejam críticos, as famílias intituladas para o benefício sentirão os impactos mais imediatos em seus bolsos.
“As famílias de baixa renda podem gastar até 30% de seus ganhos nas contas de energia”, disse Biden ao anunciar o financiamento [no estado da] Virgínia. “É ultrajante!”
Essa realidade é central para o programa do governo, que reduzirá os custos de energia para as famílias que monitorarem seus gastos para garantir que sua renda possa chegar ao final do mês. Ao disponibilizar a energia solar para comunidades necessitadas, o Solar para Todos poderia representar uma economia média anual de US$ 400 para as famílias que têm gastos energéticos excessivos.
As 60 organizações contempladas foram selecionadas por dezenas de painéis de revisão compostos por especialistas de todo o Poder Executivo. A Agência de Proteção Ambiental [EPA] finalizará os detalhes do contrato nos próximos dias e semanas, e os contemplados devem receber o financiamento dentro de alguns meses para começar a implementar seus esforços.
Sem os programas solares de baixa renda que serão estabelecidos e expandidos com esses fundos, a maioria das famílias não pode se dar ao luxo de colocar painéis geradores de energia em cima de suas casas. A maioria das instalações de placas solares em telhados custa dezenas de milhares de dólares, e mesmo com um empréstimo de longo prazo e a promessa de um crédito fiscal de fim de ano para ajudar a cobrir um alto custo inicial, a tecnologia fica fora do alcance de muitos americanos.
À medida que o Solar para Todos promove uma economia de energia para famílias de baixa renda e desfavorecidas em todo o país – avançando a Iniciativa Justice40 de Biden, que visa garantir que pelo menos 40% dos investimentos climáticos beneficiem diretamente as comunidades da linha de frente – também acelerará o progresso em direção à meta do governo de alcançar 100% de energia limpa em todo o país até 2035.
A EPA estima que os US$ 7 bilhões irão financiar 4 gigawatts de instalações solares em todo o país, o suficiente para abastecer mais de 3 milhões de residências. Ao todo, espera-se que o programa evite que mais de 30 milhões de toneladas métricas de dióxido de carbono entrem na atmosfera, ao mesmo tempo em que cria 200.000 empregos e oferece às nações tribais um caminho aprimorado para a soberania energética.
Por anos, comunidades indígenas em toda a América têm usado energia solar e outras renováveis para se libertar de um sistema de energia que polui seu ar e para estabelecer algo que possuem. Com US$ 500 milhões previstos especificamente para governos tribais, o Solar para Todos pode ajudar a acelerar esses esforços. Um desses prêmios, de mais de US$ 135 milhões, será destinado à Northern Plains Tribal Coalition, uma parceria de 14 nações indígenas reunidas pela organização sem fins lucrativos Indigenized Energy e pelas nações Mandan, Hidatsa e Arikara.
“Este é um prêmio único ao longo de toda uma geração que começará a mudar a forma como as tribos alcançam a soberania energética”, disse Cody Two Bears, diretor executivo da Indigenized Energy, em um comunicado à imprensa. “A mudança da energia extrativa para os sistemas de energia regenerativa será o legado que deixaremos para nossas gerações futuras”.
Artigo original (em inglês) publicado por Syris Valentine na Grist. Assine a newsletter semanal da Grist aqui.