Estudo confirma as propriedades antidepressivas do chá matcha
Um chá que já existe há mais de 900 anos pode ser exatamente o que seu médico receitou como tratamento para a depressão – revelaram pesquisadores da Universidade Kumamoto, no Japão, cujo estudo confirma as propriedades antidepressivas do chá matcha e reconhece que ele oferece benefícios para a saúde humana.
O pó fino do chá matcha é feito das folhas da planta Camellia sinensis – a mesma planta usada para produzir os chás verde, preto e branco. Nos últimos anos, os benefícios que o chá matcha tem proporcionado à saúde foram elogiados por conta da alta concentração em antioxidantes e substâncias anti-inflamatórias que ele apresenta. Acredita-se também que o chá matcha eleve o humor e reduza a ansiedade – importantes no combate à depressão.
A depressão é o transtorno psiquiátrico mais prevalente em todo o mundo e pode prejudicar significativamente nosso funcionamento diário. Nos Estados Unidos, um em cada cinco adultos terá um transtorno depressivo em algum momento de sua vida. Embora o início varie entre as pessoas, acredita-se que o mecanismo por trás da depressão seja causado pela redução da função dopaminérgica no cérebro.
A dopamina é o neurotransmissor que nos faz sentir bem e também o hormônio responsável pelos sentimentos de prazer, satisfação e motivação. Exames post-mortem mostraram que a expressão e a função do receptor de dopamina D1 são significativamente reduzidas em pacientes com um maior transtorno depressivo.
Os antidepressivos convencionais, tais como os inibidores ISRS e SNRI, e os antidepressivos tricíclicos podem tratar a depressão com sucesso aumentando os níveis de dopamina, serotonina e norepinefrina no cérebro. Ainda assim, eles apresentam muitos efeitos colaterais e as pessoas podem desenvolver resistência a eles.
Nessa hora entra o humilde chá matcha como uma alternativa segura e natural. Pesquisadores da Universidade de Kumamoto já haviam descoberto que o chá matcha melhorava os níveis de ansiedade em camundongos saudáveis, ativando os receptores de dopamina D1. Agora, eles queriam observar mais de perto o efeito do chá nos circuitos do cérebro.
Os pesquisadores submeteram ao isolamento social os camundongos geneticamente modificados tolerantes ao estresse (BALB/c) e susceptíveis ao estresse (C57BL/6J). Eles descobriram que dar chá matcha a ambos os grupos de camundongos reduzia a depressão apenas nos camundongos suscetíveis ao estresse.
“O chá matcha reduziu o tempo de imobilidade apenas em camundongos suscetíveis ao estresse que experimentaram um maior estresse decorrente do isolamento social e exibiram alto comportamento semelhante à depressão, em comparação com os camundongos tolerantes ao estresse”, disse Yuki Kurauchi, principal autor do estudo.
O tempo de imobilidade é uma medida do desespero comportamental em camundongos – e o aumento do tempo de imobilidade é um indicador de depressão.
Querendo entender mais, os pesquisadores realizaram uma análise imuno-histoquímica dos cérebros dos camundongos, uma forma de combinar técnicas anatômicas, imunológicas e bioquímicas para formar imagens de componentes discretos do tecido. Eles descobriram que o chá matcha ativou o córtex pré-frontal do cérebro (PFC) e o núcleo accumbens (NAc) dos camundongos suscetíveis ao estresse.
O PFC é a área do cérebro mais sensível ao estresse, enquanto que o NAc desempenha um papel fundamental no processamento de estímulos recompensadores. É importante ressaltar que ambos são cruciais para controlar os níveis de dopamina do cérebro.
A ativação do PFC e do NAc causa um aumento nos níveis de dopamina, melhorando o humor. Este efeito não foi observado nos camundongos tolerantes ao estresse. Além disso, quando os camundongos suscetíveis ao estresse receberam um bloqueador do receptor de dopamina D1, os efeitos do chá matcha foram anulados.
“Esses resultados sugerem que o pó de chá matcha exerce um efeito antidepressivo ativando o sistema dopaminérgico do cérebro – o que é influenciado pelo estado mental do indivíduo”, disse Kurauchi. “A incorporação do chá matcha em programas que promovem a saúde tem potencial para melhorar sua utilidade de forma geral”.
As descobertas dos cientistas têm implicações para as pesquisas futuras e para o desenvolvimento de novos medicamentos antidepressivos. Enquanto isso, eles recomendam beber uma xícara de chá matcha.
O estudo foi publicado no periódico científico Nutrients.
Fonte: Kumamoto University
Artigo original (em inglês) publicado por Paul McClure, na New Atlas.
Sobre o autor
Paul McClure trabalhou por muitos anos como enfermeiro de terapia intensiva e advogado de defesa criminal antes de perceber sua paixão pela escrita. Ele tem um grande interesse em saúde mental e dependência, doenças crônicas e tecnologia médica. Paul se formou em jornalismo em 2022 e ingressou na New Atlas em 2023.