Novo tipo de concreto absorve mais CO2 do que emite
O concreto é um dos materiais mais comuns na Terra, por conta de sua alta resistência e baixo custo – mas também é uma das maiores fontes individuais de emissões de dióxido de carbono (CO2). Para lidar com isso, engenheiros da Universidade Estadual de Washington (WSU), nos Estados Unidos, desenvolveram uma receita em que um novo tipo de concreto absorve mais CO2 do que emite.
A fabricação de cimento é um processo que demanda temperaturas muito altas e requer a queima de combustíveis que emitem CO2. As emissões podem ser parcialmente compensadas pela mudança para fontes renováveis de energia. No entanto, as reações químicas na mistura também liberam grandes quantidades de CO2 que é mais difícil de evitar. Estima-se que a produção de cimento represente até 8% do total de dióxido de carbono emitido pela humanidade.
Vários cientistas vêm aprimorando a fórmula para fazer cimento na tentativa de reduzir a pegada de carbono do concreto, seja pela substituição do calcário por rocha vulcânica ou pela adição de ingredientes como o dióxido de titânio, resíduos de construção, bicarbonato de sódio ou uma argila comumente descartada durante a mineração. Outras equipes até tentaram usar microalgas para cultivar o calcário que é usado.
A novidade do estudo da WSU foi que os pesquisadores investigaram um método envolvendo um carvão vegetal feito de resíduos orgânicos, chamado de biocarvão (ou biochar).
Embora o biocarvão já tenha sido adicionado ao cimento anteriormente, desta vez a equipe o tratou primeiro usando águas residuais de lavagem de concreto. Esse procedimento aumentou sua força e permitiu que a mistura tivesse uma proporção maior do aditivo. Porém, o mais importante foi que o biocarvão absorveu o CO2 do ar ao seu redor numa quantidade equivalente a até 23% de seu próprio peso.
Em experimentos conduzidos, a equipe criou cimento que continha 30% de biocarvão tratado e descobriu que o concreto resultante era negativo em carbono – na verdade, ele absorvia mais CO2 do que a quantidade emitida durante a produção do material.
Pelos cálculos dos pesquisadores, 1 kg de concreto com 30% de biocarvão remove aproximadamente 13 g de CO2 a mais do que sua produção emite. Isso pode não parecer muito, mas considerando que o concreto comum geralmente é responsável por liberar em torno de 0,9 kg de CO2 por 1 kg de material, é uma diferença gritante.
Os ganhos totais poderiam ser ainda melhores, diz a equipe, se as diferenças a jusante fossem consideradas em sua análise. Por exemplo, o uso de biocarvão para fins ecológicos, como este concreto, desvia a biomassa de outros destinos que poderiam potencialmente liberar mais CO2. Além disso, espera-se que o novo concreto continue absorvendo CO2 durante sua vida útil – de várias décadas.
É importante ressaltar que o concreto de biocarvão também mantém sua força. Quando medida após 28 dias, a resistência à compressão do concreto foi de 27,6 MPa (4.003 psi), a qual está próxima à do concreto normal.
Os pesquisadores planejam continuar a aperfeiçoar e ampliar o método para testar quanto o concreto resultante pode resistir às variações extremas das condições climáticas e a outros tipos de danos.
A pesquisa foi publicada no periódico científico Materials Letters.
Fonte: Washington State University
Artigo original (em inglês) publicado por Michael Irving, na New Atlas.
Sobre o autor
Michael Irving sempre foi fascinado pelo espaço, tecnologia, dinossauros e os mistérios mais estranhos da física e do universo. Possuidor de um Bacharelado em Escrita Profissional e vários anos de experiência escrevendo artigos, em 2016 ele entrou para o time da New Atlas.