Produção brasileira de etanol caiu em 2021

Veículo branco sendo abastecido com etanol em um posto de combustível
A desaceleração econômica foi a responsável pela queda na produção de etanol em 2021. Foto: Andreas/Pixabay.

Se em 2019 o setor sucroalcooleiro celebrou um recorde de produção histórica, com 35,6 bilhões de litros de etanol, este ano não houve motivo para comemoração dessa natureza, visto que a produção brasileira de etanol caiu em 2021 para o patamar de 24,8 bilhões de litros, segundo dados publicados pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).

É o segundo ano consecutivo de queda.

O diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (ÚNICA), Antônio Rodrigues, justifica que a queda na produção nacional de etanol em 2021 “reflete os sinais da desaceleração econômica”.

Todavia, ele faz a ressalva de que “a despeito da retração na oferta de cana-de-açúcar, os atuais níveis de estoque de etanol oferecem conforto para o pleno abastecimento do mercado nos próximos meses de entressafra”.

Já a União Nacional da Bioenergia (UDOP) apoiou-se em dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para acrescentar que a redução da produção total de etanol no ano de 2021 ocorreu por conta da “menor produção de cana-de-açúcar na safra [21/22] e nas decisões das usinas sucroalcooleiras de desviar mais [cana] para a produção de açúcar, como fizeram no ciclo anterior”.

Gráfico mostrando a produção de etanol no Brasil entre os anos de 2005 a 2021 para ilustrar que a produção caiu de 35,6 bilhões de litros em 2019 para 24,8 bilhões de litros em 2021
Produção nacional de etanol (2005–2021). Fonte: Reproduzido de CONAB.

Tendência para 2022

Para 2022, a UDOP espera que o preço alto do etanol atraia a recuperação da produtividade dos canaviais, fazendo com que os produtores passem a priorizar a cana-de-açúcar para a produção do biocombustível, a despeito do custo dos insumos ter aumentado.

Neste sentido, os produtores terão pelo menos dois elementos motivadores para que possam direcionar a cana para a produção do biocombustível:

1° – a tendência de alta no preço do etanol deve continuar por todo o ano de 2022;

2° – a possibilidade de vender CBios (créditos de descarbonização).

Mercado de Carbono

Haverá no mercado de carbono um total aproximado de 43 milhões de CBios (assunto já abordado pela Sustenare em outro post) oriundos da meta estabelecida para 2022, somados ao saldo remanescente de 2021.

Como a agricultura oferece condições para que o sequestro de carbono seja feito através de plantas, via fotossíntese, e a queima de combustíveis mais limpos (etanol) pode reduzir as emissões de CO2 na atmosfera, nesse caso a vantagem passa a ser de quem polui menos, pois pode vender créditos a quem polui mais.

Deste modo, os CBios podem ser benéficos aos produtores de etanol porque as distribuidoras de combustíveis fósseis têm metas obrigatórias a cumprir com relação à compra destes certificados, pois servirão de atenuantes para suas pegadas de carbono. Ou seja, a produção de etanol caiu em 2021, mas o horizonte se mostra azul em 2022 para os produtores brasileiros do biocombustível.

Sobre o autor | Fernando Oliveira

Foto Fernando


Fernando é o fundador e editor da Sustenare. Ele é administrador de empresas, cientista da computação e doutor em energia pela Universidade de São Paulo (USP). Fernando morou nos Estados Unidos por dez anos, país onde cursou universidade e trabalhou por igual período para empresas de tecnologia e do ramo editorial.

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