O que são nanoplásticos e por que eles preocupam tanto?

Imagem da água do mar e do céu com nuvens ilustra o post cujo tema faz a seguinte pergunta: O que são nanoplásticos e por que eles preocupam tanto?
Você não pode vê-los, mas provavelmente há nanoplásticos nesta água do mar Mediterrâneo. Imagem: Alexandra Koch/Pixabay.

Tornou-se comum ler que os microplásticos – pequenos pedaços de plástico, menores que uma borracha de lápis – estão aparecendo em tudo e em todos os lugares, incluindo oceanos, terras agrícolas, alimentos e em corpos humanos. Agora, um novo termo está ganhando atenção: os nanoplásticos. Essas partículas são ainda menores que os microplásticos – tão pequenas que são invisíveis a olho nu. Mas o que são nanoplásticos e por que eles preocupam tanto?

Os nanoplásticos são um tipo de microplástico que se distingue por seu tamanho extremamente pequeno. Os microplásticos geralmente medem menos de cinco milímetros de diâmetro; os nanoplásticos medem de um a mil nanômetros de diâmetro. Como comparação, um fio de cabelo humano tem em média cerca de 80 mil a 100 mil nanômetros de largura.

Os nanoplásticos estão atraindo uma preocupação crescente graças aos recentes avanços tecnológicos que tornaram os pesquisadores mais capazes de detectá-los e analisá-los. Seu tamanho muito menor significa que eles são mais facilmente carregados por longas distâncias e em ambientes mais diversos do que os microplásticos. E também podem penetrar mais facilmente nas células e tecidos de organismos vivos, o que causar efeitos toxicológicos diferentes e mais agudos.

Estudos conduzidos nos últimos dois anos encontraram nanoplásticos no sangue humano, nas células do fígado e do pulmão e nos tecidos reprodutivos, como a placenta e os testículos. Em todo o mundo, os nanoplásticos foram encontrados no ar, na água do mar, na neve e também no solo.

Já sabemos que os microplásticos estão presentes desde as alturas do Monte Everest às fossas oceânicas profundas. Agora, há evidências crescentes de que eles são mais prevalentes no meio ambiente do que os microplásticos.

As partículas nanoplásticas são pequenas o suficiente para conseguirem se mover por todo o corpo humano quando ingeridas. Os cientistas estão trabalhando na quantificação dessas exposições para que possam avaliar seus efeitos.

De onde vêm e para onde vão os nanoplásticos?

Os nanoplásticos são criados pela degradação de produtos do cotidiano, como roupas, embalagens de alimentos e bebidas, artigos de decoração, sacolas plásticas, brinquedos e produtos de higiene pessoal. Isso pode ser causado por fatores ambientais, como a luz solar ou o desgaste por ação mecânica. Muitos produtos de higiene pessoal, como esfoliantes e xampus, também podem liberar nanoplásticos.

Assim como nas partículas plásticas maiores, os nanoplásticos podem originar de uma variedade de tipos de polímeros, incluindo polietileno, polipropileno, poliestireno e cloreto de polivinila. Como os produtos plásticos são amplamente utilizados em nossas vidas, fica difícil evitá-los.

Quando os plásticos atingem a nanoescala, eles apresentam questões e desafios únicos por causa de seu tamanho minúsculo e da variedade de suas propriedades de superfície e composição. Como os nanoplásticos são diminutos, eles podem penetrar facilmente em células e tecidos que partículas maiores não conseguem. E se acumularem dentro dos organismos vivos, eles podem causar efeitos biológicos adversos.

Os nanoplásticos são várias ordens de magnitude menores do que os microplásticos. Centro de Direito Ambiental Internacional, CC BY-ND.

O destino dos nanoplásticos no meio ambiente é um tópico de pesquisa em andamento. Os cientistas ainda não sabem se em vários ambientes os nanoplásticos se degradam ainda mais em partículas menores ou em polímeros, que são seus blocos de construção básicos – grandes moléculas feitas de muitas moléculas pequenas amarradas juntas.

Como detectar os nanoplásticos?

Encontrar nanoplásticos é um desafio porque eles são demasiadamente pequenos e apresentam diversas composições e estruturas químicas. Os pesquisadores estão refinando abordagens diferentes para detectar nanoplásticos, usando técnicas como espectroscopia Raman, cromatografia e espectrometria de massa. Esses métodos podem detectar as formas e analisar as propriedades das partículas nanoplásticas.

Em um estudo de 2024, pesquisadores da Universidade de Columbia apresentaram uma nova tecnologia de alta sensibilidade e especificidade capaz de detectar e contar nanoplásticos em água engarrafada. Ao contrário de estudos anteriores que podiam detectar apenas uma quantidade limitada de partículas nanoplásticas, este estudo descobriu que cada litro de água engarrafada continha mais de 100 mil partículas de plástico, a maioria composta de nanoplásticos.

Estudos adicionais precisam ser feitos antes que os cientistas possam concluir se toda a água engarrafada contém nanoplásticos. Mas essa nova técnica abre as portas para mais pesquisas.

Por que os nanoplásticos preocupam tanto? Eles são tóxicos?

A toxicidade dos nanoplásticos é outro campo de pesquisa em andamento. Alguns estudos sugeriram que essas partículas podem representar riscos significativos para os ecossistemas e para a saúde humana. Um estudo recente sugeriu que eles podem ser um fator de risco para doenças cardíacas.

Outra preocupação é que poluentes químicos, metais pesados e patógenos possam aderir aos nanoplásticos e se concentrar no meio ambiente. Esse processo pode expor organismos vivos a altas concentrações dessas substâncias nocivas.

Os nanoplásticos claramente fazem parte dos ambientes modernos, mas os cientistas precisam de mais pesquisas e informações para entender quais ameaças eles podem representar. Como os toxicologistas costumam dizer: “A dose faz o veneno”. Ou seja, a exposição real aos nanoplásticos importa muito – portanto, é preciso conhecer suas concentrações para poder avaliar sua toxicidade.

Os pesquisadores estão trabalhando para detectar e entender os nanoplásticos em muitos ambientes, para que possam desenvolver estratégias eficazes para gerenciar e mitigar os efeitos desses materiais nas pessoas e no planeta.

Artigo original (em inglês) publicado por Mohan Qin na The Conversation US.

Sobre a autora
Mohan Qin é professora-assistente dos cursos de Engenharia Civil e Engenharia Ambiental na Universidade de Wisconsin-Madison, Estados Unidos. Ela fez graduação e mestrado em Engenharia Ambiental, respectivamente pela Universidade de Shandong e Universidade de Pequim (ambas na China), e possui um doutorado em Engenharia Civil pela Virginia Tech (EUA).

Declaração de Transparência

Mohan Qin recebe financiamento do Wisconsin Sea Grant.

A Universidade de Wisconsin–Madison fornece financiamento como membro do The Conversation US.

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