3 formas pelas quais PepsiCo, Nike e Heineken reduzem emissões
- A Heineken está reduzindo seu investimento inicial por meio de um contrato de serviço para instalar uma bateria térmica numa cervejaria portuguesa.
- Alguns fornecedores da Nike estão adotando biomassa como etapa intermediária para eliminar caldeiras movidas a carvão.
- A PepsiCo utiliza biometano oriundo de resíduos orgânicos gerados durante o processamento de alimentos.
A Heineken planeja instalar uma bateria térmica de 100 megawatts em uma cervejaria em Portugal, sob um contrato de serviço com a fornecedora Rondo Energy e a empresa de energia EDP. A tecnologia reduzirá significativamente ou eliminará a necessidade da cervejaria europeia usar caldeiras movidas a combustíveis fósseis como carvão ou gás natural.
“Este projeto não apenas nos ajuda a reduzir nossa dependência de energia convencional, como também mostra como a inovação prática e parcerias sólidas podem gerar melhorias significativas em toda nossa cadeia de suprimentos”, disse Magne Setnes, diretor de suprimentos da Heineken, em comunicado.
As emissões industriais relacionadas à produção de alimentos, manufatura e outros processos intensivos em calor representam cerca de um quarto das emissões de gases de efeito estufa nos EUA; se incluirmos as emissões relacionadas à produção de aço e cimento, esse número sobe para cerca de 40%.
A adoção de alternativas para reduzir essa pegada tem sido lenta, mas baterias térmicas estão ganhando espaço ao lado de outras opções como bombas de calor industriais e gás natural renovável derivado de biometano.
A fabricante de tecnologia Siemens, por exemplo, descobriu que a instalação de fornos elétricos para secagem e cura de tinta em suas fábricas no Texas poderia reduzir quase 80% das emissões relacionadas a esse processo, segundo Stacy Mahler, vice-presidente de mercados verticais da Siemens, durante uma sessão no Trellis Impact 25.
“Tivemos que estudar químicas de tinta que funcionassem com os novos fornos elétricos, que operam em temperaturas mais baixas”, disse ela. “Foi um trabalho intenso. A boa notícia é que, uma vez feito esse trabalho, os aprendizados podem ser escalados e compartilhados com os fornecedores”.
O investimento da PepsiCo em biometano
Projetos para reduzir emissões em fábricas têm avançado lentamente, em parte porque uma abordagem eficaz em um local pode não funcionar em outro, segundo Nora Singh, diretora sênior de sustentabilidade global da PepsiCo, também presente no Trellis Impact 25.
“Alguns são muito caros e as soluções não são universais — são muito locais, dependendo de onde no mundo você está olhando”, afirmou Singh.
Uma das formas que a PepsiCo encontrou para reduzir emissões é transformar resíduos orgânicos de suas instalações de processamento de alimentos em gás biometano.
Sua unidade em Manisa, na Turquia, por exemplo, utiliza equipamentos de cogeração para converter batatas, outros amidos e óleos em biogás suficiente para atender 35% da demanda elétrica, evitando 1.370 toneladas de dióxido de carbono em 2024. O restante da eletricidade necessária é fornecido por painéis solares e empresas de energia renovável. “Obviamente, isso não funciona em todos os lugares”, disse Singh.
Nike: Aprendendo com outros setores
A transição da Nike em relação às emissões industriais está ocorrendo em várias fases.
Algumas fábricas em sua cadeia de suprimentos estão abandonando o carvão e adotando alternativas temporárias como a biomassa, segundo Courtenay McHugh, diretora de clima e meio ambiente da Nike.
Isso gera novos desafios, como garantir que a biomassa seja proveniente de resíduos e não de desmatamento.
“É preciso ter processos de certificação muito rigorosos para isso”, disse McHugh. “A biomassa, para nós, é uma opção de transição, mas não é o destino final”.
A Nike utiliza o custo nivelado de aquecimento — o custo médio para produzir uma unidade de calor ao longo da vida útil de um equipamento — para avaliar alternativas em partes do processo de fabricação difíceis de eletrificar, como a tintura de tecidos.
Uma das melhores opções encontradas são as bombas de calor a vapor, amplamente utilizadas pela indústria de papel e celulose no processo de secagem. A desvantagem é que essa tecnologia ainda não foi aplicada à indústria têxtil e tem um custo inicial elevado. A Nike está colaborando com o Apparel Impact Institute para realizar estudos de viabilidade — principalmente na China, Índia e Vietnã, onde há disponibilidade de eletricidade renovável — com apoio de outras marcas.
“Estamos cientes de que essa pode não ser a solução ideal em todos os casos”, disse McHugh, “mas podemos obter aprendizados valiosos sobre onde ela é mais eficaz, para compartilhar com nossos fornecedores e dar mais confiança nessa tecnologia como caminho viável”.
O projeto da bateria da Heineken
Esses estudos também avaliarão quais modelos de financiamento podem acelerar a adoção, incluindo arrendamentos em vez de compras diretas.
A Heineken está adotando essa abordagem: sua bateria está sendo adquirida por meio de um contrato de serviço, portanto, não representará um investimento de capital para a empresa. Ela será carregada por uma instalação solar no local e fornecerá até sete megawatts de vapor para os processos de fabricação da cerveja, sem exigir grandes modificações nos equipamentos.
A instalação da Heineken, a maior do tipo na indústria de bebidas, começará a operar em abril de 2027.
A Rondo é uma fornecedora bem financiada, com investidores como a empresa de moda H&M. Sua tecnologia armazena calor em tijolos refratários e o libera em temperaturas de até 100 bar, ou cerca de 170 °C, para alimentar processos industriais. A startup assinou outro contrato em 13 de novembro para apoiar uma fábrica de cimento na Tailândia.
Artigo original (em inglês) publicado por Heather Clancy na Trellis.

Sobre a autora
Heather Clancy é VP e Editora do Grupo Trellis (ex-GreenBiz). Ela é especializada em narrar estratégias de liderança que permitem a ação climática corporativa. Jornalista premiada, Clancy começou sua carreira na editoria de negócios da United Press International, e seus artigos já foram publicados na Entrepreneur, Fortune e The New York Times, entre outros.
