Petróleo offshore brasileiro está sob o escrutínio de satélite

Imagem de uma plataforma de petróleo em alto mar ilustra post cujo título diz que o petróleo offshore brasileiro está sob o escrutínio de satélite.
Plataforma da Petrobras para exploração de petróleo offshore. Foto: Agência Brasil/Wikimedia Commons (CC BY-SA 4.0).
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A indústria petrolífera offshore do Brasil está deixando “um rastro de poluição crônica” pelo Oceano Atlântico que está prejudicando o ambiente marinho e a reputação do país, de acordo com uma análise de dados de rastreamento de satélites e embarcações.

A análise foi divulgada pela SkyTruth, uma organização que aproveita dados de satélite para estudar problemas ambientais. O relatório identificou 179 “prováveis manchas de óleo” nas águas do Brasil a partir de imagens de satélite tiradas desde 2017. Desse total, 48 vieram diretamente da infraestrutura de petróleo e gás. O restante veio de embarcações associadas à indústria. Uma única embarcação de produção e armazenamento que opera na Bacia de Santos – ao largo da costa sudeste do Brasil – foi responsável por nove manchas.

Além dos impactos climáticos decorrentes da queima do petróleo extraído, a SkyTruth diz que essas instalações estão queimando enormes quantidades do gás extraído – 12,5 bilhões de metros cúbicos desde 2012. Além disso, vários desses locais se sobrepõem às áreas marinhas protegidas.

“Os padrões que estamos documentando – poluição crônica de óleo, industrialização costeira, perda de habitat e degradação – representam ameaças significativas à ecologia e à economia costeira do Brasil”, disse John Amos, CEO da SkyTruth.

Como anfitrião da COP30, cúpula climática da ONU [realizada em novembro de 2025], o Brasil tem estado sob forte escrutínio por conta de seu recorde [na produção] de combustíveis fósseis.

Na Conferência Oceânica da ONU (UNOC) em junho, vários delegados chamaram de hipocrisia o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, reivindicar apoio aos direitos indígenas e à proteção ambiental ao mesmo tempo em que pleiteava [um projeto para] perfurar petróleo perto da Foz do Rio Amazonas.

Luene Karipuna, uma mulher indígena do povo Karipuna no Amapá, norte do Brasil, disse à Dialogue Earth durante a UNOC: “O projeto ameaça não apenas o meio ambiente, mas também como os indígenas vivem. Aqui [na UNOC], Lula diz que apoia os direitos indígenas. Mas Lula tem pressionado por esse projeto”.

A exploração [de petróleo] na área da Foz do Amazonas foi aprovada em outubro. Na época, o CEO da empresa estatal de petróleo do Brasil, a Petrobras, chamou [isso] de “uma conquista para a sociedade brasileira” (Reuters); a rede brasileira de ação climática Observatório do Clima disse que a aprovação sabotou a COP30 (The Guardian).

Amos disse à Mongabay que parte da motivação para este estudo da SkyTruth foi chamar a atenção para a grande coalizão de grupos ambientais, povos indígenas e comunidades quilombolas [descendentes de pessoas africanas escravizadas e trazidas para o Brasil] que processaram o governo Lula no sentido de derrubar a decisão [da exploração], e o trabalho realizado por organizações como o Observatório do Clima para esboçar alternativas futuras para a Petrobras e para a indústria de energia do Brasil”.

Artigo original (em inglês) publicado por Daniel Cressey na Dialogue Earth.

Sobre o autor

Daniel Cressey é editor de oceanos da Dialogue Earth. Baseado em Londres, ele trabalhou como jornalista por duas décadas para publicações como a Nature e a Research Professional News antes de ingressar na Dialogue Earth em 2024. Cressey é formado em química, história da ciência e também em jornalismo.

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