Empresas de energia na Europa escondem quase metade de seus danos à biodiversidade

Imagem de um rio entre uma plantação de palma e uma área com vegetação verdejante e rasteira ilustra o post que aborda que as Empresas de energia na Europa escondem quase metade de seus danos à biodiversidade.
Algumas empresas plantam a palma para produzir biocombustíveis em áreas tropicais como a desta região na Indonésia, adjacente à Reserva de Vida Selvagem Padang Sugihan, fotografada em 13 de dezembro de 2018. Faizal Abdul Aziz/CIFOR/EcoWatch/Reprodução.

Um novo estudo descobriu que as grandes empresas de energia na Europa escondem 47% de seus danos à biodiversidade por meio de suas atividades.

Os pesquisadores analisaram quase 50 eventos relacionados a 30 grandes empresas europeias de energia – desde desmatamento e destruição de habitat à eletrocussão de pássaros – e descobriram que 22 eventos nem sequer foram mencionados nos relatórios de sustentabilidade das empresas, disse um comunicado de imprensa da Universidade do País Basco.

“As diretivas europeias obrigam as grandes empresas a publicar documentos relacionados ao meio ambiente e à biodiversidade, mas as informações que devem ser incluídas nelas não são totalmente especificadas. Cada empresa decide qual aspecto cobrir. Então elas agem livremente e suavizam sua imagem”, disse a principal autora do estudo, Goizeder Blanco-Zaitegi, doutoranda da faculdade de economia e negócios da universidade.

Os pesquisadores descobriram que as empresas de energia divulgaram de maneira clara apenas 23% dos eventos que ameaçam a biodiversidade. Alguns foram comunicados de maneira vaga. Em 14 casos, o estudo revelou que – em 30% dos impactos adversos analisados – as empresas usaram estratégias para minimizar suas ações e neutralizar suas responsabilidades.

Blanco disse que a técnica mais comum usada pelas empresas foi a de enfatizar seus esforços positivos e bons aspectos.

“Por exemplo, as árvores de óleo de palma são plantadas por algumas empresas em áreas tropicais para produzir biocombustíveis, e isso destrói os ecossistemas locais. No entanto, em seus relatórios de sustentabilidade, elas desviam a atenção para suavizar a questão”, disse Blanco no comunicado à imprensa. “Elas enfatizam que plantaram inúmeras árvores em outras áreas, mas isso não compensa o desmatamento decorrente das plantações de palma causado pela empresa, entre outras coisas, porque tais plantações estão situadas longe dos locais danificados”.

As empresas de energia também argumentaram que não estava claro quem era o responsável pela destruição ou culpavam outros atores, como os fornecedores.

A equipe de pesquisa descobriu que a transparência variava de acordo com o tipo de evento, com empresas de energia explicando eventos que afetam as comunidades indígenas e a eletrocussão de pássaros com mais precisão.

Quando os pássaros são mortos por linhas de energia, há multas. Como não é difícil contabilizá-los, as empresas também tendem a relatar suas mortes com mais precisão.

No entanto, Blanco disse que isso não se aplica a questões mais complexas, como quando os ecossistemas são transformados ou destruídos. “Por exemplo, se um parque eólico foi construído no corredor migratório de uma espécie, o comunicado não é feito de forma clara. Como os efeitos são mais profundos e mais difíceis de medir, as empresas tendem a ocultar esses eventos”.

O estudo [em questão], “Gestão de impressões de relatórios de biodiversidade nos setores de energia e serviços públicos: uma avaliação da transparência na divulgação de eventos negativos”, foi publicado no Journal of Behavioral and Experimental Finance.

“É mais difícil não ser transparente quando os humanos estão envolvidos. As pessoas, ao contrário da natureza, falam, protestam e se envolvem em confrontos. Tais eventos devem ser comunicados”, disse Blanco.

Artigo original (em inglês) publicado por Cristen Hemingway Jaynes na EcoWatch.

Sobre a autora
Cristen Hemingway Jaynes é uma escritora de ficção e não ficção. Ela possui diploma Juris Doctor e Certificado de Direito Oceânico e Costeiro pela Universidade do Oregon, além de mestrado em Escrita Criativa pela Universidade de Londres. Cristen é a autora da coleção de contos The Smallest of Entryways e da biografia de viagem Ernest’s Way: An International Journey Through Hemingway’s Life.

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