Navio com asas economiza três toneladas de combustível por dia

Imagem de um navio cargueiro em um mar azul e navegando com duas torres para captura de vento ilustra o post cujo título diz que navio com asas economiza três toneladas de combustível por dia.
Cargueiro Pyxis Ocean. Imagem: Cargill/New Atlas/Reprodução.

Uma era de transporte marítimo mais ecológico e eficiente pode estar próxima, à medida que um navio cargueiro de 43.000 toneladas, especialmente modificado, completa um teste de seis meses navegando com um misto de motores a diesel e um conjunto de velas automáticas de alta tecnologia para aproveitar o vento.

Misturar vela e potência não é uma coisa nova. Na verdade, isso remonta aos primeiros navios a vapor, quando seus comandantes não estavam particularmente interessados em depender de uma máquina a vapor portátil meio experimental e mal-humorada para cruzar o oceano. Ainda hoje, todos os barcos à vela, exceto os menores, têm algum tipo de força auxiliar para manobrar em locais próximos ou ceder passagem quando o vento não está soprando.

À medida que os motores melhoraram, os navios tornaram-se os gigantes que conhecemos hoje, e os horários de navegação tornaram-se tão apertados quanto o meu orçamento, as velas desapareceram gradualmente do tráfego marítimo comercial, mas a propulsão eólica nunca desapareceu totalmente.

As velas podem nunca mais voltar a ser o principal meio de propulsão de um navio, mas a promessa de uma maneira para complementar a energia com o vento, como forma de reduzir o consumo de combustíveis fósseis e as emissões tóxicas, sempre foi atraente, desde que não dependa de áreas grandes de lona e enormes tripulações de marinheiros puxando nos conveses.

Operado pela MC Shipping Kamsarmax, com bandeira de Cingapura e fretado pela Cargill, o Pyxis Ocean foi reformado para ter duas WindWings [ou velas eólicas], desenvolvidas pela empresa BAR Technologies – e realizou um teste marítimo prolongado de seis meses começando em agosto de 2023. Durante esse período, ele navegou pelos oceanos Índico, Pacífico, Atlântico Norte e Sul, e passou pelo Cabo Horn e pelo Cabo da Boa Esperança.

As WindWings não são o tipo de vela de lona que você vê em fotos antigas do [whisky] Cutty Sark. Em vez disso, são velas sólidas e dobráveis feitas de aço e fibras de vidro e têm 37,5 m de altura. Seu objetivo não é substituir os motores convencionais a diesel, mas fornecer propulsão complementar na medida em que o navio navega em áreas com ventos e correntes favoráveis.

Elas também não exigem muita atenção. Um simples sistema de tráfego vermelho/verde na ponte informa à tripulação quando ativar ou desativar as WindWings. Uma vez online, elas respondem automaticamente às mudanças do vento e se ajustam para obter a velocidade ideal. Isso permite que os motores a diesel sejam desacelerados sem que o navio diminua a velocidade.

De acordo com a Cargill, isso permitiu ao Pyxis Ocean poupar o equivalente a três toneladas de combustível fóssil por dia, com uma redução nas emissões de dióxido de carbono de 11,2 toneladas (o equivalente a retirar 480 carros das estradas durante toda a viagem) e uma economia geral de 14%.

O próximo passo é garantir que esses navios equipados com velas de grande escala sejam compatíveis com 250 portos marítimos globais.

“Os resultados da primeira viagem do Pyxis Ocean com as WindWings instaladas demonstram claramente que a propulsão pelo vento pode assegurar economias significativas de combustível fóssil e redução de emissões”, disse John Cooper, CEO da BAR Technologies. “Por exemplo, em condições de navegação quase ideais, durante uma viagem em mar aberto, o Pyxis Ocean alcançou uma economia de combustível de 11 toneladas por dia”.

“Embora o Pyxis Ocean tenha duas velas eólicas, prevemos que a maioria dos navios Kamsarmax carregará três, aumentando ainda mais a economia de combustível e as reduções de emissões por um fator de 1,5”, disse Cooper. “Com a Cargill agora sendo capaz de validar nossas previsões de desempenho e modelagem em condições do mundo real, é um momento de entusiasmo à medida que começamos a implementar a produção global de WindWings.”

Vídeo do cargueiro demonstrando o funcionamento das WindWings. Cargill.

Fonte: Cargill

Artigo original (em inglês) publicado por David Szondy na New Atlas.

Sobre o autor
David Szondy é jornalista, escritor e dramaturgo baseado em Seattle (EUA). Arqueólogo de campo aposentado e professor universitário, ele tem formação em história da ciência, tecnologia e medicina, com ênfase em assuntos aeroespaciais, militares e cibernéticos. David trabalhou como redator para muitas revistas internacionais e é redator da New Atlas desde 2011.

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