Rede elétrica da Lua terá postes da altura da Estátua da Liberdade
Se você está na Lua com seu telefone prestes a morrer, não há muitos lugares para conectar o carregador. Mas a empresa Honeybee Robotics delineou um plano para construir uma espécie de rede elétrica lá em cima, com um conjunto de torres do tamanho da Estátua da Liberdade, contendo painéis solares e baterias que fornecem energia e comunicações – e até atuam como postes de luz.
Os humanos não pisam na Lua há mais de 50 anos, mas a missão Artemis da NASA planeja enviá-los de volta em breve. E desta vez, estaremos lá para ficar – o programa visa estabelecer uma presença permanente na superfície e órbita lunar, lançando as bases para uma eventual viagem para Marte.
Construir uma colônia humana na Lua exigirá, claro, alguma infraestrutura. Empresas como a Nokia estão ajudando a configurar redes 4G para comunicação, e a Northrop Grumman está desenvolvendo um conceito de ferrovia lunar para transportar astronautas, materiais e equipamentos.
O projeto da ferrovia faz parte do Estudo de Capacidade da Arquitetura Lunar de 10 Anos (LunA-10), e a Honeybee Robotics foi selecionada como parte da mesma iniciativa para desenvolver uma nova tecnologia de infraestrutura chamada LUNARSABER. Naturalmente, esta é uma sigla classicamente desajeitada, aparentemente significando “Navegação de Utilidade Lunar com Sensoriamento Remoto Avançado e Feixe Autônomo para Redistribuição de Energia”.
Cada LUNARSABER seria um pacote implantável que se desdobra em uma torre de 100 metros de altura, e atende por uma sigla terrível: DIABLO – Deployable Interlocking Actuated Bands for Linear Operations [algo do tipo, Bandas de Atuação Interligadas Implantáveis para Operações Lineares].
Cada torre contém uma mistura de painéis solares, baterias, equipamentos de transmissão de energia e comunicação sem fio e até luzes. Elas seriam capazes de gerar energia a partir de duas semanas consecutivas de luz solar que a superfície lunar experimenta, armazená-la localmente e guardá-la para as duas semanas de escuridão que se seguem.
A Honeybee construiu dois tipos de painéis solares. Um deles é um “fole de origami” que envolve o poste, fornecendo cobertura de 360 graus para capturar a luz do sol de qualquer ângulo. O outro desenrola velas grandes e rastreia a localização do Sol no céu para mantê-las no ângulo ideal. Com a implantação perto do pólo sul da Lua, a equipe diz que isso fornece acesso a quase 95% da luz solar ao longo do ano.
Plugues especializados e resistentes à poeira na parte inferior podem alimentar o equipamento localmente. Ou construir uma rede desses postes dentro da linha de visão um do outro poderia permitir que eles transmitissem seus sinais de energia e comunicação sem fio por longas distâncias, configurando efetivamente uma grade lunar que conecta postos avançados diferentes e até veículos.
Por exemplo, digamos que seu veículo lunar fique sem energia no meio da noite lunar, faltando oito dias para o amanhecer. Um LUNARSABER próximo poderia apenas apontar um feixe de luz solar concentrada em seus painéis solares para o veículo se mover novamente.
Luzes presas a estabilizadores na parte externa podem até mesmo funcionar como postes de luz, quebrando a escuridão da noite de quinze dias e darão aos primeiros colonos humanos proteção contra assaltos de alienígenas.
Esse é um conceito divertido de ficção científica, mas é claro que há muita coisa que precisa acontecer antes que os LUNARSABERs sejam espalhados por toda a Lua. O plano original da NASA era ter humanos de volta lá este ano, mas agora foi adiado para o final de 2026. O lançamento de uma grande infraestrutura como essa seria muito mais tarde do que isso, se é que algum dia acontecerá.
A equipe da Honeybee discute o conceito no vídeo abaixo (em inglês).
Fonte: Honeybee Robotics
Artigo original (em inglês) publicado por Michael Irving na New Atlas.
Sobre o autor
Michael Irving sempre foi fascinado pelo espaço, tecnologia, dinossauros e os mistérios mais estranhos da física e do universo. Possuidor de um Bacharelado em Escrita Profissional e vários anos de experiência escrevendo artigos, em 2016 ele entrou para o time da New Atlas.