Medicamento antienvelhecimento prolonga a vida em até 25%

Imagem de uma bicicleta estacionada atrás de um casal que está sentado em frente ao mar e contemplando o pôr do sol ilustra o post cujo título diz que um medicamento antienvelhecimento prolonga a vida em até 25%
Cientistas estão trabalhando em tratamentos para nos ajudar a viver mais tempo e com mais saúde. Imagem: Luca/Pixabay.

Pela primeira vez, cientistas demonstraram como uma proteína específica aumenta em nossos órgãos à medida que envelhecemos e promove ativamente o processo de envelhecimento. O bloqueio dessa atividade pode não apenas nos ajudar a viver mais tempo, como também retardar o declínio físico que é, no momento, uma parte inevitável do envelhecimento.

Pesquisadores da Duke-NUS Medical School, em Cingapura, realizaram anteriormente três estudos diferentes para examinar a expressão da proteína interleucina-11 (IL-11) e seu papel na saúde do coração e dos rins, fígado e pulmões. A última pesquisa resultou em uma terapia experimental anti-IL-11 que está atualmente em ensaios clínicos para tratar a doença pulmonar fibrótica.

Com base neste trabalho, a equipe identificou o papel da proteína IL-11 no processo de envelhecimento, com seu aumento da produção levando ao acúmulo de gordura no fígado e abdômen, bem como à redução da massa e da força muscular. Ao bloquear essa expressão de proteína, essas características do envelhecimento podem ser drasticamente reduzidas.

“Este novo projeto começou em 2017, quando um colaborador nosso nos enviou algumas amostras de tecido para outro projeto”, explicou a primeira autora Anissa Widjaja, professora-assistente da Duke-NUS. “Por curiosidade, fiz alguns experimentos para verificar os níveis de IL-11 e, a partir das leituras, pudemos ver claramente que eles aumentaram com a idade – e foi aí que ficamos realmente animados”.

Em um modelo de camundongo pré-clínico, os pesquisadores descobriram que a exclusão dessa proteína fornecia proteção contra o declínio relacionado à idade, fragilidade e doença. A exclusão do gene IL-11em camundongos prolongou a vida dos animais em uma média de 24,9%. Quando os camundongos receberam uma terapia anti-IL-11 com 75 semanas de idade (o equivalente a mais ou menos 55 anos humanos) até a morte, a expectativa de vida média aumentou em 22,5% nos camundongos machos e 25% nas fêmeas.

Os animais não apenas viveram mais, como também foram protegidos dos principais sinais de envelhecimento. A terapia anti-IL-11 aumentou o metabolismo, com os animais produzindo uma gordura marrom que queimou calorias, bloqueou a perda de massa muscular e força, protegeu contra multimorbidade e doenças cardiometabólicas.

“Apesar de nossa expectativa média de vida ter aumentado acentuadamente nas últimas décadas, há uma disparidade notável entre os anos vividos e os anos de vida saudável, livre de doenças“, disse o professor Thomas Coffman, reitor da Duke-NUS. “Esta descoberta pode ser transformadora, permitindo que os idosos possam prolongar o envelhecimento saudável, reduzindo a fragilidade e o risco de quedas, melhorando a saúde cardiometabólica”.

O câncer é uma das principais causas de morte em camundongos velhos, e as autópsias neste estudo mostraram que a inibição da expressão de IL-11 reduziu significativamente essa doença. Ensaios clínicos de um medicamento anti-IL-11 em combinação com imunoterapia para câncer estão em andamento.

A terapia também beneficiou a saúde celular em geral, reduzindo a taxa de encurtamento dos telômeros – que ocorre toda vez que uma célula se divide – e mantendo as mitocôndrias funcionando com eficiência. Com uma terapia anti-IL-11 já nas fases iniciais de testes para a doença pulmonar fibrótica, os pesquisadores ficaram satisfeitos com tal perfil de segurança.

“Nosso objetivo é que um dia, a terapia anti-IL-11 seja usada o mais amplamente possível, para que as pessoas em todo o mundo possam levar uma vida mais saudável por mais tempo”, disse o autor-sênior Stuart Cook, professor de medicina cardiovascular no SingHealth Duke-NUS Academic Medical Center. “No entanto, isso não é fácil, pois os caminhos de aprovação de medicamentos para tratar o envelhecimento não são bem definidos, e arrecadar fundos para fazer ensaios clínicos nessa área é muito desafiador”.

Por outro lado, este pode ser um dos tratamentos mais promissores até agora, no momento em que os cientistas continuam a busca pelo santo graal do antienvelhecimento. Estima-se que desacelerar o processo de envelhecimento de uma forma que aumente a expectativa de vida em um único ano seria avaliado em US$ 38 trilhões.

O estudo foi publicado na revista Nature.

Fonte: Faculdade de Medicina Duke-NUS

Artigo original (em inglês) publicado por Bronwyn Thompson na New Atlas.


Sobre a autora
Bronwyn Thompson tem diplomas de jornalismo e zoologia e possui mais de 20 anos como escritora e editora. Ela tem interesse particular em neurociência, genética, comportamento animal e biologia evolutiva. Em fevereiro de 2023, Bronwyn encontrou um lar feliz na New Atlas.

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