Como a Crocs tem reduzido a pegada de carbono de seus sapatos

Imagem de dois pares de sapatos Crocs sobre um terreno gramado ilustra o post que aborda como a Crocs tem reduzido a pegada de carbono de seus sapatos.
A Crocs fez uma parceria com a Dow para conseguir um material biocircular para usar em seus calçados. Crédito: PxHere.

A Crocs progride em um ritmo constante para aumentar os materiais de base biológica dos 150 milhões de pares de sapatos que vende a cada ano. A estratégia sustenta a meta de net zero que a empresa almeja para 2040.

Um quarto do material dos sapatos Crocs agora apresenta materiais “biocirculares” (em 2023 era 17,3%), compartilhou a empresa em 5 de setembro. Os materiais “biocirculares” reaproveitam óleos residuais de cozinha [óleo de fritura] e resíduos de processos da indústria de papel. A fabricante de tamancos chegou a meio caminho de sua meta, estabelecida em 2021, de usar 50% de conteúdo biocircular até 2030.

O afastamento da Crocs de materiais inteiramente de origem fóssil a possibilitou reduzir suas emissões absolutas em 3% em 2023. A pegada de carbono de cada par de seus calçados caiu 6,1% em relação a 2021, de acordo com a empresa, que tem 22 anos de idade e cuja sede fica no estado americano do Colorado.

“Quando olhamos para nossas emissões, 97% têm origem em nossa cadeia de suprimentos, o que significa controle indireto”, disse à Trellis Deanna Bratter, vice-presidente e chefe global de sustentabilidade da Crocs. “Nós temos que fazer parcerias com fabricantes, fornecedores de materiais, provedores de transporte para causar um impacto real e impulsionar a mudança”.

O que muda dentro da Crocs

O composto Croslite patenteado da Crocs combina etileno-acetato de vinila (EVA), derivado do petróleo bruto, com outros ingredientes. O Croslite compreende 80% dos materiais comprados pela empresa.

“Isso nos dá uma ideia clara de que podemos causar um impacto escalável se comprarmos da maneira correta”, disse Bratter. “Identificamos o caminho certo em termos de materiais biocirculares, que não apenas ajudam a reduzir nossa dependência de insumos de origem fóssil, mas também conseguimos, por meio da [avaliação do ciclo de vida], reduzir nossas emissões de carbono“.

A Crocs usa o termo “biocircular” para descrever um material de base biológica que é “circular” porque usa matérias-primas oriundas de resíduos ou de subprodutos residuais. Além do óleo de fritura oriundo da indústria alimentícia em escala industrial, a base para os ingredientes também inclui o tall oil – um subproduto da moagem e reciclagem de papel, disse Bratter.

Embora os materiais não fósseis sejam mais caros, a Crocs não aumentou o preço dos produtos. Seu estilo “Classic Clogs” é vendido por cerca de US$ 40.

De acordo com Julia Freer Goldstein, estrategista de conteúdo da JLFG Communications e coautora do livro “Materiais e Circularidade“, a Crocs merece crédito por sua transparência em relação a reduções modestas de emissões relacionadas ao fornecimento.

O trabalho com fornecedores

O relatório de sustentabilidade de 2023 da Crocs diz que há 314 fornecedores para suas marcas Crocs e Hey Dude. Muitos fornecedores da empresa são grandes produtores de produtos químicos fósseis. Outros, “no espaço de inovação”, são menos conhecidos, disse Bratter.

Ao lançar seu esforço biocircular há vários anos, a Crocs fez uma parceria estreita com a Dow em sua tecnologia Equilibrium, um processo técnico que resulta no material biocircular.

“Desde então, adicionamos vários fornecedores para que possamos criar alguma diferenciação na cadeia de suprimentos, o que também nos ajuda a criar competitividade para preços e gerenciamento de fornecimento”, disse Bratter.

O calçado avança

A Crocs é uma das pioneiras entre as empresas de calçados que exploram alternativas aos materiais fósseis para que possam reduzir suas pegadas de carbono. “Olhando para a indústria da moda e do calçado, a sustentabilidade tem um longo caminho a percorrer e há uma enorme importância em dar passos realmente cuidadosos para seguir em frente”, disse Bratter. “Eu odeio usar o clichê ‘Não deixe a perfeição ser inimiga do progresso’, mas é realmente verdade, e vemos isso como um passo muito importante para entender nosso material”.

A empresa tornou-se membro fundador do Footwear Collective, com sede em Cambridge, Massachusetts, em 2023, e colabora com a New Balance, Brooks, Target e outras empresas em esforços de circularidade.

Como o EVA, usado na Crocs, é tão comum nas solas de tênis e muitos outros sapatos, Bratter disse esperar que as atividades da empresa com biomateriais possam se espalhar pela indústria de calçados.

A Crocs pertence a uma minoria de empresas do setor que lançam calçados com materiais de base biológica. De acordo com os Distribuidores e Varejistas de Calçados da América (FDRA):

  • Apenas 34% das empresas de calçados usaram mais materiais de base biológica em 2023 do que em 2022 (41% em 2022).
  • Mais da metade das empresas de calçados disseram em 2023 que usariam mais materiais de base biológica nos próximos produtos (44% em 2022).
  • A Crocs começou a incorporar materiais reciclados em 2021. Em 2020, 61% das empresas de calçados o fizeram.

Entre as soluções que saem dos trabalhos de P&D das marcas de calçados, a Asics vende tênis Mirai recicláveis; a On oferece tênis de corrida “circulares” com ingredientes de base biológica; e a Puma tem experimentado tênis  biodegradáveis.

A matéria completa (em inglês) foi publicada por Elsa Wenzel na Trellis.

Sobre a autora
Elsa Wenzel é editora de projetos especiais e ex-editora-chefe do Grupo GreenBiz. Anteriormente, ela escreveu sobre negócios, tecnologia e sustentabilidade para a PCWorld, CNET, Associated Press, entre outros. Elsa possui mestrado e bacharelado em jornalismo pela Universidade Northwestern e Universidade de Iowa, respectivamente.

Outros Posts