Como reduzir consumo em economia obcecada por crescimento?

Imagem de uma mão saindo de um monitor e segurando um cartão de crédito opondo outro monitor do qual também sai uma mão segurando uma sacola para ilustrar artigo sobre como reduzir consumo em economia obcecada por crescimento. Foto: Mediamodifier/Pixabay.
Foto: Mediamodifier/Pixabay.

A hierarquia do desperdício zero da Zero Waste International Alliance é atualmente minha representação favorita dos métodos que podemos usar para passar de nossa atual economia linear e desperdiçadora para uma em que os materiais estão sendo repensados a montante e interceptados a jusante para mantê-los em uso.

No modelo em questão, começamos no topo do funil para repensar e redesenhar nossos produtos com o objetivo de aumentar seu potencial de circularidade. Em seguida, e muito importante, reduzimos nosso consumo. Depois disso, estão todas as atividades a jusante que podem manter os materiais em uso por mais tempo.

Se tudo o mais falhar, a hierarquia instrui sobre como descartar produtos e materiais da melhor maneira possível. Assim, representar atividades a montante dentro da mesma hierarquia de atividades a jusante é uma das razões pelas quais esse modelo me atrai.

Gráfico: Adaptado de GreenBiz

A segunda camada da hierarquia, reduza, é onde quero focar minha atenção hoje. Acho que a redução é a intervenção mais difícil e mais importante da qual as empresas podem participar.

Por que reduzir é difícil?

De forma simplificada, a redução existe apenas nas margens do vocabulário corporativo e quase nunca é vista como um gerador de receita.

Passei tempo suficiente trabalhando em corporações americanas para saber que a necessidade de lucro cada vez maior é quase exclusivamente falada através das lentes que foca em tirar a participação de mercado dos concorrentes e/ou aumentar o mercado geral.

Outras alavancas de aumento de lucratividade, como ganhos de eficiência, novos modelos de negócio e redução de desperdício, são frequentemente discutidas pela equipe de sustentabilidade ou operações, mas que nem sempre estão diretamente ligadas ao aumento da lucratividade previsto em metas trimestrais ou anuais de uma empresa.

Vemos isso refletido com bastante frequência nas conversas mais detalhadas entre profissionais corporativos presentes em eventos de economia circular. Grande parte da discussão foca em como redesenhamos produtos e embalagens para um futuro em circularidade, mas muito pouco da conversa é dedicada à forma como simplesmente vendemos menos enquanto aumentamos os lucros.

Mesmo a maior parte da conversa sobre o novo modelo de negócios está centrada em continuar a lançar cada vez mais produtos no mundo, mas apenas por meios diferentes – como o novo modelo de aluguel ou propriedade compartilhada – que garantam que eles retornem para a reciclagem.

Por que reduzir é importante?

Não acho que exista um setor da economia em que a redução possa ser ignorada. Precisamos reduzir a fabricação de novos produtos. Precisamos reduzir a quantidade de alimentos que desperdiçamos. Precisamos reduzir a quantidade de plástico que produzimos e precisamos reduzir a quantidade de energia que usamos na indústria de serviços.

Como uma população global, sabemos que estamos usando o equivalente a aproximadamente 1,75 planeta terra de recursos biológicos a cada ano – e estamos com um estoque baixo de minerais críticos que precisamos para alimentar a nossa economia futura.

Esses dois sinais de alerta deveriam ser suficientes para mudar a conversa [no sentido de reduzir o consumo], mas isso ainda não está acontecendo da maneira que precisa e nos níveis mais altos de liderança nos governos e nas empresas.

Admito não saber direcionar o diálogo para modelos de negócios de menor consumo, mas gostaria de saber – e vou continuar tentando. Convido você a tentar comigo.

Adoraria ouvir de todos vocês sobre fontes de redução. Se sua empresa estiver indo bem, se você tiver uma ideia de como conduzir o diálogo ou se quiser apenas conversar, entre em contato comigo pelo LinkedIn.

Artigo original (em inglês) publicado por Jon Smieja, na GreenBiz.

Este artigo apareceu originalmente em nossa newsletter Circularity Weekly.

Sobre o autor
Jon Smieja é vice-presidente e analista sênior de economia circular no Grupo GreenBiz, onde lidera a estratégia, programas e parcerias de circularidade da empresa. Sua equipe conecta as partes interessadas e as soluções de toda a cadeia de valor para cultivar uma comunidade de prática, na qual os profissionais são capacitados para transformar produtos, organizações, indústrias e sistemas.  Twitter:
@jonsmieja

Similar Posts