Tomate roxo geneticamente modificado é aprovado nos EUA
Após mais de uma década de desenvolvimento nutricional aprimorado e considerado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) como seguro para cultivo, um tomate roxo geneticamente modificado é aprovado nos EUA. A modificação genética dos tomates ocorreu para que eles possam produzir 10 vezes mais antioxidantes do que as variedades preexistentes.
Um estudo fascinante publicado em 2008 na revista Nature Biotechnology relatou um tipo de tomate que foi geneticamente modificado para produzir grandes volumes de antioxidantes chamados antocianinas.
As antocianinas são encontradas naturalmente em muitos alimentos, como mirtilo e repolho roxo. Elas são responsáveis pelo pigmento roxo em tais alimentos e têm sido associadas a uma variedade de benefícios à saúde, incluindo redução do risco de diabetes e doenças cardíacas.
Alguns tipos de tomate com pele naturalmente roxa contêm baixos níveis de antocianinas, mas alguns cientistas de alimentos se perguntaram se esses níveis poderiam ser aumentados mediante alguns ajustes genéticos. Dois genes foram retirados de uma planta herbácea (snapdragon) e adicionados a um tipo de tomate roxo. Os genes amplificaram a capacidade da planta de produzir antocianinas e resultou em um tomate único de coloração roxa.
O estudo de 2008 relatou testar os efeitos deste tomate reforçado com antocianina na saúde de camundongos projetados para desenvolver câncer. Os camundongos alimentados com uma dieta complementar de tomates roxos viveram 30% a mais do que os camundongos alimentados com uma dieta regular.
“Este é um dos primeiros exemplos de engenharia metabólica que oferece o potencial de promover a saúde através da dieta, reduzindo o impacto de doenças crônicas”, disse a bióloga Cathie Martin em 2008. “E certamente o primeiro exemplo de um organismo geneticamente modificado (OGM) com uma característica que realmente oferece um benefício potencial para todos os consumidores.”
Depois de muito tempo navegando nos processos regulatórios, o tomate roxo geneticamente modificado está agora um passo mais perto do mercado após um período de aprovação pelo Serviço de Inspeção Sanitária Animal e Vegetal (APHIS) do USDA. Esta autorização significa que a planta geneticamente modificada não é mais regulamentada por controles rígidos que limitam onde e como ela pode ser cultivada. Ou seja, ela será cultivada com segurança em qualquer lugar dos Estados Unidos, como qualquer outra cultura permitida.
“Quando Cathie e eu fundamos a NPS [Norwich Plant Sciences] há quase 15 anos, para trazer ao mercado tomates roxos geneticamente aprimorados e promotores da saúde, inventados no Reino Unido, nunca pensamos que levaria tanto tempo para obter a aprovação regulatória”, disse Jonathan Jones, que há mais de uma década trabalha com Martin na comercialização da planta. “Este é um dia para comemorar o melhoramento de culturas, com a aprovação pelo USDA de um produto benéfico, após uma análise cuidadosa de um dossiê de informações detalhadas que descreve suas propriedades.”
Nos últimos anos, vários usos para o tomate aprimorado foram explorados. Os cientistas inicialmente se concentraram na produção de um suco de tomate rico em antocianinas que poderia ser testado em contextos clínicos para pacientes com câncer ou doenças cardiovasculares.
Porém, esse tipo de produto ainda enfrenta muito mais testes e obstáculos regulatórios antes de chegar ao mercado. Assim, o primeiro passo para Martin e Jones será vender as sementes desses tomates roxos para produtores domésticos.
A aprovação pelo USDA torna os EUA o primeiro lugar no mundo a permitir que o produto geneticamente modificado seja cultivado. Martin e Jones esperam que os tomates sejam aprovados no Reino Unido em breve.
“Estamos agora um passo mais perto do meu sonho de compartilhar tomates roxos saudáveis com muitas pessoas animadas para comê-los”, disse Martin. “O contraponto é que os tomates estarão à venda nos Estados Unidos e não no Reino Unido também. Mas o lado positivo é que, ao focar nos produtores domésticos, seremos orientados para o consumidor e poderemos obter feedbacks e interesses necessários para desenvolver outros produtos.”
Fontes: USDA, John Innes Centre
Artigo original (em inglês) publicado por Rich Haridy na New Atlas.
Sobre o autor
Rich Haridy está sediado em Melbourne (Austrália) e na última década escreveu várias publicações online e impressas, enquanto também atuou como crítico de cinema para várias emissoras de rádio e podcasts. Ele foi presidente da Associação Australiana de Críticos de Cinema por dois anos (2013-2015), concluiu um mestrado na Universidade de Melbourne e se juntou à equipe do New Atlas há três anos.