Por que a Coca-Cola mudou o formato de sua garrafa nos EUA?

Imagem de três garrafas plásticas antigas da Coca-Cola, Fanta e Sprite ao lado de três garrafas plásticas com o novo design das mesmas marcas ilustra o post questiona: Por que a Coca-Cola mudou o formato de sua garrafa nos EUA?
Três dos novos designs leves: as garrafas antigas estão à esquerda e as mais leves à direita. Fonte: Coca-Cola/GreenBiz/Reprodução.
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A Coca-Cola está mudando a forma das garrafas plásticas de uso único em suas linhas de produtos Sprite, Fanta, Coca-Cola e Minute Made em um esforço para reduzir o peso médio em mais de 31 por cento.

A iniciativa vale para as garrafas PET (polietileno tereftalato) de 12, 16,9 e 20 onças [cerca de 350, 500 e 600 mililitros, respectivamente] e afeta as bebidas mais populares da empresa – além das listadas acima, também inclui a Fresca, Mello Yello, Pibb Extra, Seagram’s e Barq’s (que estão usando o mesmo formato de garrafa atualizado da Fanta).

A mudança custará aos engarrafadores e à rede de distribuição da Coca-Cola cerca de US$ 52 milhões nos Estados Unidos e Canadá. Esse dinheiro vai atualizar os moldes de garrafas e equipamentos de enchimento.

As medidas diminuirão o uso de plástico da Coca-Cola em aproximadamente 800 milhões de garrafas em 2025, de acordo com a empresa. Isso se traduz em uma redução média de 17% nas emissões por garrafa, ou o equivalente a tirar 17 mil carros das ruas no próximo ano, de acordo com as avaliações de ciclo de vida da Coca-Cola.

Os esforços anteriores da Coca-Cola reduziram suas garrafas plásticas de 27 gramas para 21 gramas nos últimos 10 anos. A maioria das garrafas de dose única agora pesará 18,5 gramas. E a depender do engarrafador, algumas serão ainda mais leves, com 17,75 gramas.

“Estes são os produtos mais vendidos que temos”, disse Alejandro Santamaria, diretor sênior de desenvolvimento e inovação de embalagens da Coca-Cola. “Esses são os [produtos] que terão mais impacto em termos de plástico e redução de emissões”.

Consulta com engarrafadores, fornecedores de resinas e outros

Os designers de embalagens da Coca-Cola tornaram as garrafas mais finas, mas não mudaram sua altura ou o diâmetro total, o que serviu para manter os processos de transporte e mostruário existentes, disse Santamaria.

Esse projeto começou em abril de 2021 e foi testado em campo em 2022, disse ele. Em seguida, a próxima mudança de design vai ser com as garrafas PET multiuso da empresa: as de 2 litros e as de 24 onças [cerca de 700 ml].

A estratégia de sustentabilidade da Coca-Cola é definida por sua liderança executiva. A entrega requer a cooperação de sua rede global de engarrafadores, que transformam os xaropes da empresa com sede em Atlanta em produtos [que são vendidos] nas prateleiras das lojas. Os engarrafadores se reúnem regularmente para compartilhar as melhores práticas operacionais, a gestão ambiental. Mais de 60 serão afetados por essa mudança.

“Trabalhamos juntos nessas questões [ambientais]”, disse Mike Bernier, diretor de sustentabilidade da Swire Coca-Cola, que vende as bebidas da empresa em 13 estados [do oeste americano]. “Tivemos que tomar a decisão juntos, mas não demorou muito” para chegar a um acordo sobre a mudança, disse ele.

Uma peça de um quebra-cabeça complicado

As embalagens representam cerca de 30% das emissões totais de gases de efeito estufa da Coca-Cola. O esforço de redução de peso faz parte de várias metas de embalagem da Coca-Cola atreladas a 2030, incluindo:

  • Tornar todas as embalagens recicláveis: está em 90% no relatório de progresso da empresa publicado em abril de 2023, embora isso pressuponha que a infraestrutura esteja pronta para lidar com a mudança.
  • Usar 50% de conteúdo reciclado: está no meio do caminho. Um desenvolvimento recente é a decisão de usar plástico reciclado para todas as garrafas de 20 onças [ou 600 ml] vendidas nos Estados Unidos.
  • Ter pelo menos 25% das bebidas vendidas em embalagens recarregáveis ou retornáveis: o número mais recente relatado é de 14%.

Além disso, a Coca-Cola se comprometeu há vários anos em cortar 3 milhões de toneladas de plástico virgem de fontes não renováveis. Embora esforços incrementais, como a redução de peso, tenham reduzido o consumo por garrafa, o aumento do volume de vendas até agora eliminou qualquer progresso cumulativo, disse a empresa no relatório de sustentabilidade.

A Coca-Cola rotineiramente lidera as listas que rastreiam marcas de consumo que usam mais plásticos. A empresa produz anualmente cerca de 134 bilhões de garrafas PET, ou cerca de 23% de todas as garrafas plásticas PET, de acordo com uma pesquisa citada pela Plastic Pollution Coalition. A Coca-Cola se recusou a compartilhar volumes para as marcas envolvidas no esforço de redução de peso.

Apelo para mais embalagens reutilizáveis

Usar menos plástico é importante, mas a Coca-Cola deve usar mais vidro e alumínio e expandir as opções recarregáveis e reutilizáveis, disseram vários especialistas sobre a ligação entre o plástico e as mudanças climáticas.

“Reduzir o peso dos itens de plástico em alguns gramas não é ação suficiente para enfrentar seriamente a poluição plástica e todos os impactos que o plástico exerce nas pessoas e no planeta”, disse Erica Cirino, gerente de comunicação da Plastic Pollution Coalition.

Algumas regiões já dependem muito de garrafas reutilizáveis, e a Coca-Cola deve jogar com isso, disse Matt Littlejohn, vice-presidente sênior de iniciativas estratégicas da Oceana. Mais da metade dos contêineres da Coca-Cola nas Filipinas, por exemplo, são reutilizáveis; Chile e México também têm bases sólidas para o reúso, de acordo com a pesquisa da Oceana. “A Coca-Cola é de longe o ator dominante na reutilização de bebidas não alcoólicas”, disse Littlejohn.

Expandir a reutilização exigiria o tipo oposto de investimento como a redução de peso, para garantir que as garrafas possam resistir a vários ciclos de coleta, limpeza e enchimento, disse Douglas McCauley, professor de ciência oceânica da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara e diretor do Benioff Ocean Science Laboratory. “Há uma conversa maior que precisa acontecer sobre o material que você pode reutilizar e a pegada para vidro versus PET mais espesso”, disse ele.

A mudança para recipientes recarregáveis é menos viável em países sem instalações bem estabelecidas para coleta, limpeza e recarga, disse Santamaria, da Coca-Cola. “O que estamos tentando fazer é se encaixar na infraestrutura atual”, disse ele. “Qual é a coisa mais rápida e fácil que podemos fazer para rapidamente gerar valor ao sistema? Isso é o que podemos fazer de mais eficiente”.

Artigo original (em inglês) publicado por Heather Clancy na GreenBiz.

Sobre a autora
Heather Clancy é VP e Editora do Grupo GreenBiz. Ela é especializada em narrar as estratégias de liderança que permitem a ação climática corporativa e a transição para uma economia limpa, inclusiva e regenerativa. Jornalista premiada, Clancy começou sua carreira na mesa de negócios da United Press International, e seus artigos foram publicados na Entrepreneur, Fortune e The New York Times.

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