O futuro do trabalho na economia verde

Foto de um homem, sobre o telhado de uma casa, instalando painéis solares como ilustração do artigo que aborda o futuro do trabalho na economia verde.
Green jobs estão em alta. Foto: Bill Mead/Unsplash.

Na economia europeia, os green jobs (ou empregos “verdes”) são os mais resilientes e estão entre os que mais crescem. A energia solar, por exemplo, deve se tornar a principal fonte de energia da Europa antes do final da década. Isso poderia resultar na criação de quatro milhões de empregos em todo o continente europeu até 2050.

Nos Estados Unidos, espera-se que os empregos verdes se expandam para quase 24 milhões de postos e respondam por 14% do total de empregos naquele país até o ano de 2030. Desde que o presidente americano Joe Biden sancionou a Lei de Redução da Inflação, em agosto de 2022, mais de 100.000 empregos em energia limpa foram criados em todo o país.

O esforço da União Europeia para melhorar a eficiência energética em edifícios e reduzir a quantidade de combustível fóssil que é consumida na região poderia criar 160.000 empregos até 2030 somente no setor de energia e aquecimento. Dada a escassez de habilidades [nestas áreas], no entanto, há uma questão sobre quem preencherá essas posições.

A oportunidade dos green jobs

Ao estimular sua ambição climática, o European Green Deal (EGD) torna-se um claro impulsionador de empregos e desenvolvimento econômico em todos os setores industriais e econômicos. Isso significa que o sucesso da implantação do EGD depende da disponibilidade de profissionais qualificados.

O emprego cresceu em áreas como eficiência energética de edifícios, isolamento de tubulações, reciclagem e tecnologias renováveis inovadoras, mesmo durante a crise do Coronavírus. No entanto, é provável que nem todos os setores tenham um ganho líquido de empregos até o final da década.

Empregos no setor de energia limpa. Tabela adaptada de Visual Capitalist.

Como pode ser visto na tabela acima, os maiores ganhos devem ocorrer em empregos nas áreas de eficiência elétrica, setor automotivo e geração de energia. Combinados com a modernização da rede, eles representam 75% dos 13,3 milhões de novos empregos que deverão ser criados.

Novas fontes de energia, como a bioenergia e as renováveis de uso final, além dos recursos da cadeia de suprimentos, como tecnologias inovadoras e minerais essenciais, provavelmente criarão 3,3 milhões de empregos (25% do total). No outro extremo do espectro estão os 2,7 milhões de empregos nas áreas dos combustíveis fósseis que deverão ser perdidos.

Considerando o atual contexto energético, os empregos verdes estão entre os que mais crescem em todo o mundo. A indústria de energia solar, por exemplo, vem sendo responsável pelo maior número de colaboradores na geração de energia (conforme mostrado no gráfico abaixo).

Número de postos de trabalho por tipo de tecnologia usada na geração de energia. Gráfico adaptado de IEA.

Embora a maior parcela de empregos da energia solar esteja associada às fases de fabricação e construção (veja o gráfico abaixo), a indústria de energia solar pode criar um milhão de empregos em toda a Europa até 2030, já que existe a expectativa da geração solar fotovoltaica se tornar uma das principais fontes globais de energia.

Trabalhadores da energia solar fotovoltaica estão principalmente envolvidos na construção e instalação de novas capacidades, em linha com o crescimento constante do setor. Gráfico adaptado de IEA.

Além disso, se os mercados de trabalho aprenderam alguma coisa com sua evolução histórica, é que as transições econômicas (e as energéticas mais especificamente) sempre criaram novos ecossistemas.

A transição energética conduz a uma indústria operacional menos intensiva em mão de obra e essa é uma evolução importante e positiva, visto que os empregos também se traduzem em custos mais elevados.

Portanto, custos mais baixos de renováveis também são explicados por meio de um número reduzido de empregos relacionados à operação. Em outras palavras, como aconteceu durante séculos, a eficiência, a inovação e o progresso tecnológico resultaram em uma menor intensidade de trabalho para setores econômicos existentes (setor de energia) e na criação de mais empregos novos para igualmente novos setores econômicos (setor de tecnologia).

As crises que se sucederam nos últimos anos exortaram os tomadores de decisão europeus a agirem mais decisivamente ao lidar com a emergência climática – a crise mais difícil de todas. Para tal, o sucesso dos ambiciosos objetivos climáticos da Europa dependerá da disponibilidade de profissionais qualificados, o que exigirá uma transformação substancial dos mercados de trabalho.

Mas os mercados de trabalho sempre foram dinâmicos, pois os empregos continuaram se adaptando às inovações tecnológicas, visando atender às necessidades das comunidades e da sociedade em geral. E, embora atualmente esteja surgindo um setor de geração de energia menos intensivo em mão de obra, novas oportunidades de emprego e ecossistemas de trabalho são destravados, o que moldará os planos de longo prazo dos países.

Apesar dos desafios sem precedentes associados a essa transformação e da necessidade de acelerar a transição energética, que representam altos riscos para nossa capacidade de requalificar, aprimorar e trazer competência adequada nesses setores, esse novo paradigma da economia verde também traz um potencial incomparável para planejar adequadamente uma evolução sustentável de nossas tarefas profissionais.

Artigo original (em inglês) publicado por David Timis no Fórum Econômico Mundial–WEF.

Sobre o autor
David Timis é o Gerente Global de Comunicações da Generation, o maior programa global de emprego em volume anual que treina e coloca as pessoas em carreiras que mudam suas vidas. David se formou em Administração e Negócios na Universidade de Glasgow e em Estudos Políticos e de Governança Europeus no College of Europe.

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